Entendo que para sabermos a essência de
algo é preciso voltar nossos olhos para
o começo, para a sua origem. É no estabelecimento de algo que você descobre a
identidade, ainda que sofra as alterações e adaptações, continua sempre a mesma
essência inicial. Portanto, pergunto a fim de lançar luz ao nosso tema, como se
originou a festa junina? Foi no período pré-gregoriano (1505-1582)[1] que ocorriam festas pagãs em
comemoração a grande fertilidade da terra. Logo, sua origem é pagã e uma
festividade para agradecer às divindades a fertilidade! Os portugueses católicos,
posteriormente trouxeram essa festa para o Brasil que foi incorporada a nossa
cultura, em 1500. No Brasil tornou-se uma festa para os principais santos católicos,
como: Santo Antônio (13 de junho); São João (24 de junho); São Pedro (29 de junho); São Paulo (29 de junho).[2] A festa junina que antes
de chagar ao Brasil era chamada de festa joanina[3], uma menção a João
Batista, é uma mistura da cultura francesa, a quadrilha tem característica chinesa
com os fogos de artifícios; a espanhola e portuguesa com a dança das fitas.[4] É importante destacar
também que essa festa joanina ao tornar-se junina no Brasil foi influenciada
também pelos negros africanos que receberam muito bem essa festa por se identificar
com seus deuses e festas pagãs, assim como os índios brasileiros.
A festa joanina se baseia em um mito
católico romano sobre uma conversa de Maria com Isabel, durante o período em
que ambas estavam grávidas:
Dizem que Santa Isabel era muito amiga de
Nossa Senhora e, por isso, costumavam visitar-se.
Uma tarde, Santa Isabel foi à casa de Nossa
Senhora e aproveitou para contar-lhe que, dentro de algum tempo, iria nascer
seu filho, que se chamaria João Batista.
Nossa Senhora, então, perguntou-lhe: - Como
poderei saber do nascimento do garoto?
- Acenderei uma fogueira bem grande; assim
você de longe poderá vê-la e saberá que Joãozinho nasceu. Mandarei, também,
erguer um mastro, com uma boneca sobre ele.
Santa Isabel cumpriu a promessa.
Um dia, Nossa Senhora viu, ao longe, uma
fumacinha e depois umas chamas bem vermelhas. Dirigiu-se para a casa de Isabel
e encontrou o menino João Batista, que mais tarde seria um dos santos mais
importantes da religião católica. Isso se deu no dia vinte e quatro de junho.
Começou, assim, a ser festejado São João com
mastro, e fogueira e outras coisas bonitas como: foguetes, balões, danças, etc…
E, por falar nisso, também gostaria de contar porque existem essas bombas para alegrar os festejos de São João.
Pois bem, antes de São João nascer, seu pai, São Zacarias, andava muito triste, porque não tinha um filhinho para brincar.
Certa vez, apareceu-lhe um anjo de asas coloridas, todo iluminado por uma luz misteriosa e anunciou que Zacarias ia ser pai.
A sua alegria foi tão grande que Zacarias perdeu a voz, emudeceu até o filho nascer.
E, por falar nisso, também gostaria de contar porque existem essas bombas para alegrar os festejos de São João.
Pois bem, antes de São João nascer, seu pai, São Zacarias, andava muito triste, porque não tinha um filhinho para brincar.
Certa vez, apareceu-lhe um anjo de asas coloridas, todo iluminado por uma luz misteriosa e anunciou que Zacarias ia ser pai.
A sua alegria foi tão grande que Zacarias perdeu a voz, emudeceu até o filho nascer.
No dia
do nascimento, mostraram-lhe o menino e perguntaram como desejava que se
chamasse.
Zacarias fez grande esforço e, por fim,
conseguiu dizer:
- João!
- João!
Desse instante em diante, Zacarias voltou a
falar.
Todos ficaram alegres e foi um barulhão enorme. Eram vivas para todos os lados.
Todos ficaram alegres e foi um barulhão enorme. Eram vivas para todos os lados.
Lá estava o velho Zacarias, olhando,
orgulhoso, o filhinho lindo que tinha…
Foi então que inventaram as bombinhas de
fazer barulho, tão apreciadas pelas crianças, durante os festejos juninos.[5]
A quadrilha é uma dança para
agradecer aos santos católicos pelas colheitas, pela fertilidade e
prosperidade. Como a festa tem sua origem pagã e foram praticadas fortemente
até o século 10 d.C., a Igreja Católica Romana não conseguiu impedir essa
festividade, resolveu cristianizar essa prática adaptando aos santos
idolatrados por ela![6] Agora a igreja evangélica faz
o mesmo nos seus “arraiais”!
O que tudo isso significa?
Não existe nada de original na festa
junina do Brasil, com a alegação que faz parte da cultura brasileira. É uma
festa que tomou para si vários aspectos de diferentes culturas pagãs,
associou-se a religião católica brasileira por meio dos colonizadores
portugueses e hoje é pratica anual em nosso país. Surge de uma distorção do
relato bíblico de Maria e Isabel e toma pra si características idolatras (Lc 1.
39-45).
Faço outra pergunta: o que é cultura?
Essa
expressão vem do termo latim “colere”, que é etimologicamente cultivar, cuidar, mas aplicado as nações,
significa conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos
os hábitos e aptidões adquiridos pelo homem não somente em família, como também
parte de uma sociedade como membro dela que é. É importante destacar que cada
cultura é influenciada por vários fatores.[7] A festa junina já foi exposta
às influencias que ela teve até chegar ao Brasil e tornar-se “cultura
brasileira”! Você acha que ela carrega em si uma cultura que o crente deve
abraçar e apoiar como normal e inofensiva?
Eu não entendo sinceramente a razão
de muitos crentes desejarem tanto participar apenas por causa das comidas
juninas ou por um suposto “caminho de evangelização”!? Penso que o só comer as
comidas típicas da festa, não tem problema, o problema é participar da festa
dentro da sua identidade, com roupa de quadrilha, dançando, se identificando
totalmente com a festividade católica e pagã. O problema é ser reconhecido como
crente em meio aos idolatras, e assim escandalizar o nome de Cristo! O problema
é ter essa sede pelas coisas do mundo, que muitos demonstram ter! O problema é
ensinar os filhos pequenos que podem participar das danças de quadrilha aos
santos, sem nenhum problema espiritual!
E a Bíblia diz alguma coisa sobre isso?
É lógico que não diz nada
diretamente, mas indiretamente sim. Partindo do fato histórico que a Festa
Junina tem sua origem pagã, e que foi praticada até o século 10 d.C. pelos
pagãos no Império Romano e depois cristianizado pelos católicos, é obvio que
podemos utilizar as condenações bíblicas a associação com práticas e cultos
pagãos (Ap 2. 14; 2. 20) esses dois
textos falam de situações vivenciadas pelas igrejas de Pérgamo e Tiatira, que
naturalmente não estou dizendo que essas passagens foram dadas para combater
festa junina ou joanina, ou até mesmo a festa pagã que deu origem a estas, mas
que o principio de não associação ao culto pagão, seja em sacrifícios, sejam em
festas, é evidente para qualquer época e situação. Outro texto que cito, por
falta de espaço para citarmos outros, é 1 João 2. 15-17, que o apóstolo
claramente fala para não amarmos o mundo e o que no mundo existe. Ele fala de
não nos envolvermos com aquilo que é diametralmente contra a nossa caminhada em
Cristo, tudo que socialmente, culturalmente estiver no mundo que é contrário ao
padrão moral e santo de Deus para nós, deve ser rejeitado completamente! Então,
conclua você mesmo sobre o dançar na festa junina, vestir seus filhos de
caipira para participar da festividade!
Para concluir aponto algumas diretrizes
básicas que entendo serem normativas e norteadoras para a nossa prática em
todos os tempos:
1.
Primeiro
principio normativo das Escrituras: tudo que faço, penso, como, bebo,
deve ser para a glória de Deus (1Co 10. 31-33).
2.
Segundo
principio: se o que faço, ainda que não seja necessariamente um pecado,
se escandaliza alguma consciência fraca não devo fazer por causa da consciência
do outro, caso contrário estarei pecando contra o Senhor e meu irmão fraco (1Co
10. 28-29)
3.
Terceiro
principio normativo das Escrituras: tudo eu tenho liberdade para
fazer, mas não significa que devo fazer, preciso avaliar se é conveniente aos
olhos do Senhor ir a tal lugar, participar daquela determinada cultura (1Co 10.
23-24).
4.
Quarto principio
normativo: não devo ser pedra de tropeço para o meu irmão, que entende
que essa prática é pecaminosa (Rm 14. 14)
Considerações Finais
Entendo que a costumeira frase: a
igreja precisa fazer contato cultural, por isso deve participar ou fazer em
substituição a festa junina, a festa caipira! É na realidade utilizada para
associar com os prazeres culturais que s contrapõem com a Fé Cristã. Não vejo
problema algum a igreja fazer festa do
inverno, com comidas típicas para uma época de frio, eu já participei e gostei
bastante! O que acho estranho é a igreja justamente nessa data, fazer festa
caipira, que é uma clara associação a festa junina! Não vejo problema, caso não
escandalize, alguns crentes amigos se reunirem em um determinado local
exclusivo para eles, e fazerem comidas típicas dessa época, devido à facilidade
e variedade delas nos mercados, desde que essa atitude seja apenas para comer,
sem qualquer menção a festa junina, e sem escandalizar qualquer irmão. E sem
dúvida, sem que isso seja uma ação da igreja, contudo, de pessoas livres para
fazerem isso em suas residências de modo discreto.
Eu me lembro de bem quando era uma
criança (faz
algum tempo), que perguntei ao meu tio que me levava a igreja o porque que eu
não deveria participar de festa de São João? Ele me explicou a associação com a
idolatria, dizendo: Você vai falar “Viva São João!”...Viva a São Pedro!”...O
que com apenas 8 anos entendi perfeitamente e nunca mais desejei fazer parte
dessa festividade. Os pais perdem uma grande oportunidade de instruir seus
filhos na verdade, achando que estão fazendo um bem leva-los a dançar
quadrilha! A cultura associada a religiosidade pagã não deve fazer parte do
nosso convívio, porque me responda até onde poderei ir sem perder minha
identidade, testemunho e o quanto perderei a oportunidade de ensinar meu filho?
Temos que influenciar a cultura e não nos moldar por ela! Precisamos
evangelizar com linguagem acessível a todos os homens, mas sem perder o
conteúdo e essência do Evangelho! Creio que existe muito mais desculpas de
evangelismos para se divertir nestas festas, do que realmente interesse em
glorificar a Cristo e influenciar com o Evangelho a sociedade e a cultura! É
minha opinião!
Márcio Willian Chaveiro
[1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Calend%C3%A1rio_gregoriano
[2] http://www.fashionbubbles.com/festas-tematicas/origem-e-historia-das-festas-juninas-parte-13/
[3] http://www.brasilcultura.com.br/cultura/a-origem-da-festa-junina-no-brasil-e-suas-influencias/
[4] http://www.brasilescola.com/detalhes-festa-junina/origem-festa-junina.htm
[5] http://arribaasaia.no.comunidades.net/a-origem-da-festa-junina
[6] http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-surgiram-as-festas-juninas
[7] http://www.significados.com.br/cultura/