quinta-feira, 17 de julho de 2014

JÁ É HORA DE DESPERTAR DO SONO!



Romanos 13. 11-14    
            O apóstolo Paulo nessa carta aos irmãos em Roma apresenta como eles deveriam viver nesse mundo ímpio. Nos capítulos anteriores (1-11) ele apresentou o que esses crentes deveriam crer, pensar, refletir teologicamente. Nos últimos capítulos (12-16) da carta, o apóstolo diz como devem viver a luz do que creem! Teologia é para a vida, não é somente para o intelecto, deve influenciar toda a nossa vida, nossa perspectiva, nossa esperança, nossa conduta, nossas escolhas! É isso que Paulo resumidamente apresenta nessa carta. O texto que vou expor está dentro da parte prática da carta, e a partir dessa perspectiva da estrutura do contexto da passagem quero expor alguns princípios fundamentais para a nossa vida cristã.
“...já é hora de vos despertardes do sono;...” (verso 11)
      O apóstolo diz para a igreja em Roma despertar de uma vez por todas do estado de sonolência. Mas que sono é esse? Pode ser interpretado como um estado de mundanismo da igreja, de descuido ou negligência espiritual, atitudes errôneas. É bem provável essa interpretação, porque no verso 13, Paulo fala para não andarem em pecados de ordem sexual. O que parece nos mostrar que havia praticas assim no meio da igreja e que precisavam ser evitados. Esses irmãos precisavam entender a urgência de viver uma vida santa e reta perante o Senhor, não podiam continuar a praticar esses pecados.
Porque deveriam parar imediatamente com essa prática pecaminosa? O verso 11 responde: ...porque a nossa salvação está, agora, mais perto do que quando no princípio cremos. A salvação que Paulo aqui fala é o plano da redenção, refere-se a Segunda Vinda de Cristo, que a cada dia que passa está mais próximo, vivemos os últimos dias! Estamos entre a primeira vinda e a segunda vinda de Cristo, o plano de redenção do eleito já está nas suas últimas fases!
A primeira parte já foi cumprida, falta apenas a segunda. A igreja de Roma estava no caminho para o grande Dia do Senhor! Paulo afirma para eles que esse Dia está mais próximo que quando creram. O tempo do fim se aproxima!
Paulo aqui faz uso de uma figura de linguagem: “noite e dia”, para exemplificar “trevas e luz”. Ele está dizendo que as trevas estão cada vez mais intensas, “Vai alta a noite”, mas a intensidade das trevas significa que o “dia vem chegando”, que é vinda de Cristo!
A Vinda de Cristo é representada como algo que trará plena luz em 1 Coríntios 4.5: ...até que venha o Senhor, o qual não somente trará plena luz as cousas ocultas das trevas... Tudo que antecede o dia glorioso da vinda de Cristo é constituído de trevas, é noite. A história é envolvida por trevas do pecado que caminha para o seu fim, é uma história breve em comparação com a eternidade que com Cristo teremos. Se com Cristo sofrermos, com Ele seremos glorificados (Rm 8. 17). Os sofrimentos do tempo presente não podem comparar com a glória que em nós será revelada (Rm 8. 18). Devemos ansiar pelo dia da Redenção dos Filhos de Deus (Rm 8. 23).
O que devemos fazer diante de tudo isso? Mais uma vez o texto responde (verso 12): ...Deixemos, pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz. Paulo diz para deixarmos de uma vez por todas as práticas pecaminosas, práticas da “alta noite”. Ao contrário de praticarmos as obras das trevas, temos que nos revestir das armas da luz, da santidade de Cristo. A vida do crente é o combate contra os desejos da carne, ciladas do Diabo e seduções mundanas (verso 13-14). 
O que é andar dignamente? É um andar honesto, com franqueza, com transparência, com santidade, com retidão. Fomos alcançados em Cristo para uma nova vida, para vivermos em retidão, justiça procedente da verdade (Ef 4.24). Paulo diz que esse andar é como em “pleno dia”, mais um reforço a interpretação do verso 14, sobre “noite como trevas” e “dia como luz”.
Como é andar em pleno dia? O texto responde: ...não em orgias... Em Roma era muito comum orgias sexuais unido a bebida durante os cultos pagãos. Essas festas que começavam em público iam até alta noite e terminavam em reuniões nas casas com orgias. Os crentes em Roma deveriam fugir dessas práticas pecaminosas, que muitos deles tinham participado antes da conversão.
Temos no verso 13 cinco práticas pecaminosas que devem ser com todas as forças evitadas, onde inicia cada uma delas com a expressão “não” : não em bebedices” a bebedeira estava sempre associada ao culto pagão; “não em impudicícias”  são pecados morais mais secretos, o primeiro “orgia” era mais público, mas este seria todo tipo de pecado imoral privado; não em dissoluções” são desejos sensuais e pecaminosos colocados em ação, um pouco mais leve em termos morais que os anteriores; “não em contendas” são práticas políticas dentro da igreja, dividindo grupos em favor de si mesmo; não em ciúmes” essa prática está ligada as contendas, onde existe contenda, existe ciúmes.
O que devemos buscar? O verso 14 revela o que deve fazer parte da nossa busca diária: “...mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo...” Precisamos nos revestir de Cristo, de sua santidade. Andar com Ele, viver nele, ama-lo de todo o nosso coração. O reino de Deus está dentro de nós e portanto, é uma transformação de dentro pra fora! Uma mudança moral e espiritual. É viver a eternidade em nosso coração, porque a eternidade é conhecer a Cristo e o Pai.  É viver para Cristo e entender como Paulo disse aos filipenses (1.21): Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. 
O apostolo conclui essa parte exortativa, dizendo (verso 14)...e nada disponhais para a carne no tocante ás suas concupiscências. Não devemos investir na carne, no pecado, no desejo do Velho homem. As paixões carnais fazem guerra contra a alma (1 Pe 2.11). Temos que despir do velho homem e revestir do novo homem (Ef 4.22-24).
A igreja evangélica moderna vive no sono, na negligência, na sua grande maioria! A igreja do século XXI não quer saber do dia da Vinda de Cristo. Não respira esse momento, porque ela quer desfrutar de coisas aqui, viver para ajuntar tesouro aqui, onde o ladrão rouba e a ferrugem corroem.
A vinda de Cristo está muito mais próxima que nos dias de Paulo, muito mais próxima do que nos dias de Lutero e João Calvino, muito mais próximo do que no dia que convertemos! O dia se aproxima, mas antes a noite ficará mais intensa! A apostasia da fé é o grande desafio do nosso tempo. Paulo disse que isso aconteceria ao escrever as duas cartas para Timóteo. É uma apostasia de dentro da igreja, nos púlpitos, em muitos seminários. Enfrentamos uma luta de dentro da igreja mais intensa que fora dela. Existe uma crise de liderança, falta de líderes comprometidos verdadeiramente com o Reino de Deus!
Contudo, Deus tem despertado homens valentes, homens que nunca se dobraram a Baal. Sempre existirá um remanescente, um povo fiel, que ansiará por aquele grande dia! O nosso grande desafio é viver em santidade, glorificar a Deus no meio da igreja, ser achados fiéis até o fim. Que você possa ser achado fiel até Aquele Dia! Que você possa viver para a eternidade! Que você viva para Cristo e não para a carne! Que sua vida seja para a glória do Supremo Pastor da Igreja!
Quero terminar citando o hino “Castelo Forte” composto por Martinho Lutero, que expressa esse anseio que devemos ter pela volta do Cristo:
De Deus o verbo ficará,
Sabemos com certeza,
E nada nos assustará,
Com Cristo por defesa!
Se temos de perder
Família, bens prazer,
Se tudo se acabar
E a Morte enfim chegar,
Com ele reinaremos!

Reverendo Márcio Willian


[1] Bíblia com Novo Cântico, 2ª edição, 1999, Editora Cultura Cristã, p. 78


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