Um jovem da igreja que pastoreio me
fez essa pergunta, creio que a pergunta não é porque ele deseja tatuar o
próprio corpo, mas provavelmente seja devido algum colega de faculdade ou amigo
que tenha lhe perguntado e por isso buscou a resposta em seu pastor. Mas sem dúvida
essa é uma pergunta que muitos jovens cristãos fazem, principalmente em tempos
como o nosso onde a tatuagem tem sido admirada cada vez mais. Há vinte anos
atrás a tatuagem era vista como algo que associava a pessoa a malandragem, a
droga, ao rock, o que não é mais visto desta forma pela sociedade. Hoje jogadores de futebol tatuam o corpo,
atores e atrizes, cantores, com nome de filhos, cônjuges, amantes e alguns com
o nome de Cristo. Mas é pecado ou não tatuar?
A origem da Tatuagem como meio de Revelação de Sua
Identidade
Primeiramente
precisamos ver a origem do uso da tatuagem para descobrirmos a sua real
identidade. Povos pagãos antes de Cristo já usavam a tatuagem para participarem
de ritos e atos de violência entre tribos. Inicialmente eram marcas de
cicatrizes adquiridas em guerras, lutas corporais ou caças. Essas cicatrizes
eram motivo de orgulho e reconhecimento ao homem que as possuísse, pois
representavam força e vitória. Com essa ideia de que as marcas eram sinônimo de
vitalidade, as cicatrizes foram substituídas por desenhos com tintas vegetais e
espinhos introduzidos na pele.[1]
Você sabe a identidade de algo quando ela é criada ou inventada, porque nesse
momento é revelado o seu propósito. Logo, a origem da identidade da tatuagem é
associada com ritos pagãos, violência e guerras. Você pode argumentar que
alguns usam a tatuagem com propósitos diferentes, colocando o nome do filho, da
esposa, do amante, do pai ou da mãe! Em alguns casos a cruz, o nome de Cristo,
e por causa desse uso, seria justificável a tatuagem! Seria mesmo? O uso
diferente da tatuagem não muda sua identidade. Ainda ela usada para paganismo,
ritos satânicos, gangues, símbolos de tropas de elite ou de guerra, em
presidiários que desenham tatuagens de cruz ou caixões para ostentar seus
assassinatos. Ou seja, a tatuagem continua sendo usada pela maioria para os
mesmos propósitos que a fizeram existir!
O Testemunho do crente na Sociedade
Certa
vez assisti uma reportagem do Jornal Hoje sobre o Rock in Rio, onde alguns eram
entrevistados, derrepente a repórter começou a mostrar o quanto os admiradores de
Rock eram tatuados. Ela parou um homem que tinha todo o corpo tatuado e
perguntou a ele o que ele fazia, qual era sua profissão, qual você diria? Eu
pensei que era analista de sistema, webdesiner, skatista profissional,
autônomo, empresário de algum ramo relacionado ao Rock, algo nessa direção. Mas
ele disse que era Missionário, um pastor! Não tem nexo com o Evangelho simples,
claro, apresentado pela Escritura deformar o corpo todo daquela forma com a
desculpa de usar isso como ponto de contato com os admiradores do Rock! Imagine ele em um púlpito de uma igreja
evangélica nos padrões normais, seria ele instrumento de escândalo para igreja
e para os visitantes? Sei que existem irmãos que antes de converter fizeram
tatuagens e não tem condições de tirar, não me refiro a estes, me refiro a
alguém que usa a desculpa de evangelizar os marginalizados pela igreja, e por
isso faz tatuagem. Paulo afirma que se alguma atitude minha escandaliza alguém
de mente mais fraca, considerando que tatuagem é escândalo para a igreja
evangélica brasileira na maior parte e não que quem condena é de mente fraca,
não devo usar ou praticar certas coisas que necessariamente não são erradas,
mas culturalmente são consideradas como erro ou pecado (1 Co 8.9; Rm 14. 1-12).
Isso não significa que considero a tatuagem algo aprovado pela Escritura, o
próximo ponto esclarecerá isso, mas que ainda que a Bíblia não falasse nada
sobre isso, só o fato de escandalizar a igreja ou incrédulos, já seria
suficiente para condenar a tatuagem!
O que a Escritura fala sobre a
Tatuagem?
O primeiro texto que mais claramente
fala a respeito da tatuagem é Levítico 19. 28: “Pelos mortos não ferireis a vossa carne; nem fareis marca nenhuma
sobre vós. Eu sou o SENHOR.” O
contexto aqui são as instruções de Deus através de Moisés para o povo de Israel
na peregrinação, que possuiria uma terra habitada por povos pagãos que tinham
como pratica a tatuagem, que aqui é chamada de “marca” (porque o nome tatuagem
é algo moderno e inicialmente os povos faziam marcas, como já explicado), para
que Israel não se assemelhasse a esses povos. Porque? Quando o povo de Israel
fizesse as mesmas marcas, naturalmente estariam se associando as práticas
místicas e pagãs que aquelas marcas simbolizam para o mundo antigo. Tatuar
naquele caso seria uma forma de associação cultural e religioso pela identidade
da tatuagem, como expliquei no início. Marcar o corpo com as divindades, como
aqueles povos faziam, era uma forma de desfigurar o homem que foi criado a
imagem e semelhança de Deus. Em Deuteronômio 14.1-2 é repetido essa ordem de
Deus para o povo de Israel, a nova geração, que entraria em breve na terra
prometida, onde é apresentado a razão da proibição de marcar o corpo: “Filhos sois do SENHOR, vosso Deus; não vos
dareis golpes, nem sobre a testa fareis calva por causa de algum morto. Porque
sois povo santo ao SENHOR vosso Deus, e o SENHOR vos escolheu de todos os povos
que há sobre a face da terra, para lhe serdes seu povo próprio.” Aqui temos
declarações mais especificas para a proibição: “Filhos sois do SENHOR, vosso Deus;...” Somos de Deus e nada que
possa nos identificar com o povo ímpio, pagão, místico, violento, deve ser
praticado por nós! Deus nos escolheu dentre bilhões para ser seu povo de
propriedade exclusiva, sacerdócio real, nação santa para proclamar quem Deus é
para o mundo (1 Pe 2.9). Como podemos fazer isso? Falando do Evangelho e
vivendo diferente do mundo. Se eu me visto como o mundo, tatuo o meu corpo como
qualquer pessoa mundana, falo como qualquer pessoa ímpia, tenho os mesmos
vícios, vou nos mesmos lugares, estaria vivendo como sal e luz no mundo? As
marcas de Cristo são na alma, embora as vezes são feitas pelos perseguidores no
nosso corpo, mas como fruto de perseguição e não de tatuagem (Gl 6.17)!
Conclusão
Entendo que a tatuagem é
identificada com violência, vandalismo, imoralidade, gangues, ritos pagãos,
mesmo que muitos usem símbolos inofensivos ou até mesmo do cristianismo. A
mudança do uso por uma minoria não muda a origem e identidade de marcar o
corpo.
Marcar o corpo é algo proibido pela
Escritura claramente pela razão acima. Outro motivo bíblico para a tatuagem ser
condenada é que fomos criados a imagem de Deus e marcar o corpo é ofender a
Deus, porque o corpo também faz parte dessa imagem. Minha opinião é que
qualquer mudança no corpo que não seja por razões medicas e corretivas, não
estão de acordo com a vontade de Deus, mas em conformidade com a vaidade humana
e a cultura mundana!
O crente deve ser identificado não
somente pela pregação do Evangelho, mas deve ser identificado pela roupa,
práticas, lugares que frequenta, linguajar, conduta em geral. Não existe uma
regra de moda na Bíblia, mas existe a ordem de ser prudente, santo, sensato,
luz e sal no mundo. É logico que não estou defendo legalismo ou que o
cristianismo essencialmente é roupa, linguajar e outros, mas que o crente que é
rendido aos pés de Cristo verdadeiramente, busca ser no seu externo um exemplo
e não um escândalo para o Evangelho!
Logo, tatuagem é pecado! Com exceção
daqueles que converteram depois que fizeram e não podem tirar por falta de
recursos financeiros. Mas é pecado para aquele crente que intencionalmente e
com rebeldia faz a tatuagem para se adequar a cultura anti Deus, a tribo de amigos,
ao mundo e não a Escritura. Lembre-se sem disso: “Filhos sois do SENHOR, vosso Deus; não vos dareis golpes, nem sobre a
testa fareis calva por causa de algum morto. Porque sois povo santo ao SENHOR
vosso Deus, e o SENHOR vos escolheu de todos os povos que há sobre a face da
terra, para lhe serdes seu povo próprio.”
Reverendo Márcio Willian
Ótima respota, e bem satisfatória.
ResponderExcluiresse é um assunto polêmico na bíblia...essas provas bíblicas eu entendo q as pessoas faziam para os mortos e seus deuses, por isso que diz que não é pra marcar o corpo, no meu modo de interpretar é que depende da intenção da pessoas com a tatuagem, mas nos dias de hoje é difícil ver uma pessoas se escandalizar com tatuagem na igreja, tatuagem não vai definir se a pessoa vai para o céu ou para o inferno
ResponderExcluirRespeito as opiniões contrárias e por isso públicos comentários a favor e contra o que escrevo. As tatuagens têm sua origem em ritos pagãos, é na origem de algo que descobrimos seu elemento identificador. Em nenhum momento afirmei que o crente que tatuar será condenado ao inferno. Apenas demonstrei que tatuar é um ato errado, que não convém ao crente. Penso que a igreja evangélica moderna tem aceitado tudo, por isso a maioria não se espanta com tatuagem! Mas não é a reação da igreja que determina, é a Palavra de Deus e nesse caso estou convencido que depõe contra essa prática. Eu não me escandalizo com o crente que se tatua, porém, não concordo com o ato em si.
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