Resenha: Reverendo Márcio Willian
Introdução
O
livro “João Calvino 500 anos – Introdução ao seu Pensamento e Obra”,
foi escrito pelo Dr. Herminsten Maia Pereira da Costa, que é ministro da Igreja
Presbiteriana do Brasil, autor de vários livros, tais como: A Inspiração e Inerrância das Escrituras; O
Pai Nosso; Raízes da Teologia e outros. É professor de Teologia Sistemática
no Seminário Presbiteriano Reverendo José Manoel da Conceição e Diretor da
Escola Superior de Teologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Ele
felizmente escreveu esse livro como fruto de suas pesquisas nos vários anos
como professor e estudante da vida e obra de João Calvino.
Esse
livro tem uma grande relevância para o meio reformado devido ao interesse
progressivo de uma nova geração de crentes por doutrinas da graça. Temos
presenciado uma grande procura pelas doutrinas reformadas no meio pentecostal e
neo pentecostal. Portanto, esse livro não servirá apenas para os reformados
nominalmente, mas para todos os crentes de variadas denominações que Deus tem
movido para conhecer essas verdades bíblicas.
O
nome de João Calvino é muito mal compreendido por alguns meios e quase
idolatrado por outros. Ele geralmente é visto apenas como um teólogo da
Reforma, mas não como um piedoso pregador e dedicado servo de Cristo. Esse
livro esclarece e mostra aspectos da vida de Calvino que é desconhecida por
muitos. O autor de forma eficiente e dedicada consegue cativar o leitor e
transportar o mesmo para a época de João Calvino, levando a edificação e
adoração ao Senhor Jesus.
O
Dr. Herminsten expõe bem as questões relacionadas a vida e obra de Calvino.
Como ele foi formado e trabalhado por Deus para ser usado no Reino de Cristo. O
autor vai discorrer como Calvino
enxergava os seguintes aspectos:
Suficiência das Escrituras (páginas 65-128); a eleição divina (páginas 135-188); O homem como imagem e semelhança de Deus (páginas 191-220); A Espiritualidade (páginas 225—279); O culto (páginas 285-322); A educação (páginas 325-345); A ética Social (páginas 347-363); A Ciência (páginas 367-389). Abrange as
áreas de maior importância citando fontes primárias e secundárias importantes
para comprovar suas abordagens.
Faremos
citações e comentários objetivos de cada capítulo, abordando uma visão geral do
livro, com o máximo de fidelidade ao propósito do autor.
1.
O Contexto Histórico da Reforma Protestante
O
autor apresenta um panorama do contexto da pré-reforma[1], passando pelo papado antes do século XVI,
demonstrando o paganismo Greco-romano e expondo os conflitos existenciais do
povo nesse período, onde havia um cenário preparado providencialmente para o
surgimento da Reforma Protestante.
Ele
apresenta a ação da Reforma e Renascença no mesmo palco histórico e suas
diferenças, ao dizer: “Ainda que a
Reforma e a Renascença tivessem coincido na história e também tratado dos mesmos
problemas básicos, as suas respostas foram completamente diferentes”.[2]
Sem duvida os pressupostos da Renascença eram completamente opostos aos da
Reforma, no primeiro o Homem é o Centro, no segundo Cristo
é o Centro. Logo, os resultados e propósitos são completamente
diferentes.
Ao
falar da Reforma e as Escrituras, ele mostra que Calvino valorizava a
centralidade das Escrituras. Foi uma busca intensa de Calvino sempre,
centralizar as Escrituras na vida e culto do povo de Deus. [3]
Para João Calvino a Escritura era o cetro que Cristo usava para governar seu
Reino, a Igreja.
2.
O Trabalhar de Deus na Formação de Calvino
O autor nos oferece
informações importantes sobre a formação de Calvino, como o academicismo
humanista serviu providencialmente para a preparação intelectual desse grande
reformador.[4] Os
conhecimentos adquiridos forma no futuro usados pelo Espírito Santo para o
ajudar na compreensão teológica das Escrituras e desenvolver raciocínios tão logicamente
fundamentados na Bíblia.
A
conversão de Calvino é escassa de informações quando e como aconteceu, contudo,
algumas citações de escritos dele são feitas no propósito de colher informações
que somadas ajudam a descobrir um pouco mais sobre esse assunto. [5]
O autor demonstra o papel
do renascentismo e a imprensa como contribuídores da Reforma Protestante, até
uma certa medida. O anseio dos renascentistas de superar a literatura grega foi
extremamente forte nesse período, tendo em vista a facilidade proporcionada
pela invenção da imprensa. Os catedráticos eram extremamente valorizados e por
isso havia competições entre eles para ocupar cargos de acadêmicos. O
renascentismo defendeu a centralidade no homem, o que tornou posteriormente um
fracasso. Calvino era um genuíno humanista por que estava interessado no homem,
obviamente do ponto de vista bíblico.
Algo que também nos chama
a atenção é a preocupação de Calvino com a unidade da igreja. O Dr. Herminsten
escreve sobre esse reformador, deixando bem claro essa visão bíblica e piedosa:
“Calvino entendia que Satanás, muitas
vezes, se vale de nossos bons sentimentos para fazer que quebremos a unidade da
igreja , supostamente em busca de uma igreja ideal.” [6]Em
um tempo que tantas igrejas surgem por questões mais banais possíveis,
tornar-se imperativo expor essa declaração de Calvino.
3.
A Centralidade das Escrituras na Vida da
Igreja
Atualmente a igreja
evangélica tem vegetado espiritualmente por causa da ausência das Escrituras no
culto e na vida eclesiástica. A pregação bíblica tem sido progressivamente
abandonada, e em seu lugar têm surgido mensagens de autoajuda e misticismos. A
declaração que Calvino faz com respeito a importância das Escrituras é fundamental
para nortear a igreja do século XXI:
“Visto que a igreja é o reino de Cristo, e ele não reina
senão por sua Palavra, continuamos duvidando de que são mentirosas as palavras
daqueles que imaginam o reino de Cristo sem o seu cetro, quer dizer, sem a sua
santa palavra?”[7]
Nada
é mais importante para a Igreja do que ser governada pela Palavra de Cristo,
que é o seu Cetro. Calvino lutou com
todas as suas forças para ser um expositor fiel das Escrituras e reformar a
Igreja pela Palavra de Deus e não por estratégias humanas ou misticismos.
Em
toda época surgem os mesmos conceitos errados teologicamente com nomes
diferentes. No período da Reforma surgiram os “iluminados”, nome dado por Lutero e Zwickau. Eles defendiam que
tinham revelações especiais vindas diretamente de Deus, entendendo terem sido
chamados por Deus para “completar a Reforma”. Defendiam uma escatologia
completamente distante das Escrituras e combatiam o estudo da teologia como
sendo algo contrário a espiritualidade.
Homens
como Lutero e os demais reformadores defendiam “Sola Scriptura”, como
sendo a única autoridade infalível dentro da Igreja. [8]
Todos os catecismos e confissões reformadas enfatizavam a centralidade e
autoridade final das Escrituras para a Igreja de Cristo. Como citamos antes a
declaração de Calvino, a Escritura é o
cetro de Cristo, pelo qual governa a Igreja.
Por outro lado, Calvino também
declara com relação ao conhecimento das Escrituras: “Somos seres humanos, e é
preciso que observemos sempre as limitações de nosso conhecimento, e não as
ultrapassemos, pois tal gesto seria usurpar as prerrogativas divinas.” [9]Algo
que nos chama a atenção em Calvino é sua humildade e prudência. Não fazia
declarações infundadas biblicamente e nem ousava confiar em sua razão. Sabia
que tinha limitações e precisava estudar cada vez mais a Palavra de Deus,
submetendo todo o seu conhecimento aos pés de Cristo.
Quando
o autor trata nesse capítulo três sobre a “Fidelidade do ministro” expõe com
propriedade o pensamento de Calvino a esse respeito:
“A Palavra de Deus é o conteúdo da mensagem do ministro.
Quando ensinamos a Palavra com fidelidade, nada acrescentando ou omitindo,
podemos ter a certeza de que nossa mensagem não se distingue da própria Palavra
de Deus.”[10]
Em
outro lugar ele cita uma importante perspectiva de William Wileman com relação a seriedade do ministério pastoral
de Calvino: “Como expositor da Escritura,
a Palavra de Deus era tão sagrada para ele como se a tivesse ouvido dos lábios
de seu Autor.”[11]
Calvino
defendia que todo o oficio do ministro gira em torno da Palavra de Deus. Tudo
que um ministro faz, pensa, executa na igreja deve estar envolvida pela
Escritura. Como isso é importante para os nossos dias? Precisamos resgatar
essas verdades perdidas em tantos púlpitos espalhados pela nossa nação! Calvino
afirma que “mestre é aquele que forma e
instrui a igreja na Palavra da verdade.” E diz mais o seguinte a esse
respeito: “O alvo de um bom mestre deve
ser sempre converter os homens do mundo para que voltem seus olhos para o céu.”[12]
Não poderíamos deixar de citar mais essa declaração encorajadora e
edificante de Calvino: “Nossa maior meta,
no entanto, deve consistir em sermos fiéis ministros de Cristo na edificação da
igreja, por meio do ensino da Palavra.”[13]
Essas convicções de Calvino servem
como um estímulo para todo ministro reformado a defender com todas as forças a
centralidade das Escrituras. Ao mesmo nos envergonha diante de tanta firmeza,
piedade e ousadia! O ministério desse reformador era marcado pela centralidade
e suficiência das Escrituras.
4.
A Eleição
O assunto pelo qual Calvino é mais
conhecido, citado, criticado, é a da predestinação ou eleição divina. Mas nesse
capitulo o Dr. Herminsten trata de uma forma edificante e didática que ajuda
bastante o leitor sincero a compreender a visão de Calvino sobre o assunto.
Tentaremos citar as principais declarações nesse capítulo e fazer algumas
avaliações e compreensões das mesmas.
O
autor cita McGrath que faz o seguinte comentário da posição de Calvino sobre a
predestinação:
“A crença na predestinação não é uma questão de fé em si
mesma, mas representa o resultado final de uma reflexão, informada pelas
Escrituras, a respeito dos efeitos da graça sobre os indivíduos, à luz dos
enigmas da experiência. A experiência ensina que Deus não toca todo o coração
humano.”[14]
O
que ele mostra é que a própria humanidade testifica que nem todos serão salvos,
por uma obviedade, nem todos creem! Embora saibamos que a experiência não
existe para interpretar a Bíblia, mas a Bíblia para interpretar a experiência.
O autor em seguida vai
trabalhar biblicamente a doutrina da eleição no Antigo Testamento e Novo
Testamento. Mostrando as várias escolhas dos homens[15]
e determinações de Deus não somente para salvação para funções e execuções.
Depois o autor aborda
algumas questões teológicas sobre a eleição. Mostra que Deus não sofre nenhum
tipo de constrangimento no exercício da escolha e execução dessa escolha.[16]
Calvino disse: “A eleição tem um sentido escatológico: é
da eternidade para a eternidade em santificação, até que nossa salvação seja
consumada na glorificação.”[17]
E Bavinck também expressa sobre o
assunto: “O propósito da eleição é a
criação de um organismo, Isto é, redenção, renovação e glorificação de uma
humanidade regenerada que proclame as excelências de Deus e leve seu nome sobre
sua testa.”[18]
Spurgeon disse: “Desconheço qualquer
outra coisa que nos possa humilhar tão profundamente quanto a doutrina bíblica
da eleição (...). Aquele que se sente orgulhoso de sua eleição é porque não é
um dos eleitos do Senhor.”[19]
5.
A Imagem de Deus no Homem
Calvino
como humanista teve uma visão moldada
pela Escritura, unindo seu conhecimento e formação humanista e interpretando-a
pela Palavra de Deus. A Idade Média pretendia ter Deus no Centro; a Renascença
o homem no centro; o iluminismo a razão no centro; a pós-modernidade sem
centro. A história é marcada de mudanças devido as muitas frustrações da razão
humana. Mas em Calvino vemos uma firmeza em entender o devido lugar do homem na
criação de Deus.
A
Reforma foi revolucionária porquanto se apartou tanto do Humanismo católico-romano
como do secular. Mas adiante Dr. Herminsten cita F. Schaeffer; “Enquanto a Renascença se concentrava no
homem em sua autonomia, a Reforma concentrava-se no Deus infinito e pessoal que
falava com eles por meio da Bíblia.”[20]
No pensamento de Calvino, um possível dilema
entre o antropocentrismo e o teocentrismo. Entre a natureza do homem e o Deus
soberano, temos a Palavra de Deus, concedida por ele, para que o conheçamos e
nos conheçamos. Calvino diz: “O mundo foi originalmente criado para este propósito,
que todas as partes dele se destinem à felicidade do homem como seu grande
objeto.”[21]
Calvino
assim definiu imagem de Deus:
“Havia uma adaptação das várias partes da alma, que
correspondia a suas várias funções. Na mente, perfeita inteligência florescia e
reinava, retidão assistia como sua parceira, e todos os sentidos eram
preparados e moldados para a adequada obediência á razão; no corpo, havia uma
adequada correspondência com essa ordem interna (...) Mas aqui a questão é
referente àquela glória de Deus que peculiarmente brilha na natureza humana,
onde a mente, a vontade e todos os sentidos representam a ordem divina.”[22]
6.
A Espiritualidade de João Calvino
A piedade de Calvino
poderia ser definida assim: “A verdadeira piedade consiste em um zelo puro e
verdadeiro que ama a Deus totalmente como Pai, o reverencia verdadeiramente
como Senhor, abraça a sua justiça e teme ofendê-lo mais que a própria morte.”[23]
Calvino busca
conciliar conhecimento com prática. Entendia que conhecer sem tornar isso prático
não tinha nenhum sentido cristão.
Para Calvino meditar nos Salmos era algo
extremamente necessário e prazeroso. Ele dizia que os Salmos eram anatomia de
todas as partes da alma.[24]
Calvino declarava: “Não busquemos nossos
próprios interesses, mas antes aquilo que compraz ao Senhor e contribui para
promover sua glória.”[25]
Ainda afirma sobre a oração: “Devemos
manter firme o principio de que não podemos orar a Deus apropriadamente senão
formos persuadidos pela certeza de nossos corações de que ele é nosso Pai
quando o invocamos como tal.”[26]
A
visão de espiritualidade de Calvino influenciou gerações e ainda influencia.
Precisamos mais do que nunca desse alerta de harmonizar conhecimento teológico
com vida de oração. É preciso ter culto na vida para quer tenha culto na
igreja. Por isso, o presente livro ajuda muito na avaliação da nossa vida
diante do Senhor.
7.
O Culto
“Fomos eleitos por Deus na eternidade para
que o adoremos. No culto, a igreja vivencia o propósito de sua eleição: o fim
principal do homem é glorificar a Deus. A igreja é a comunidade de adoradores
que se congrega para testemunhar publicamente os atos graciosos de Deus.”[27]
Assim começa o capítulo sobre culto. Com essa ótica reformada que o autor irá
desenvolver sua exposição sobre a visão de Calvino sobre Culto.
Ele
demonstra que o homem perdeu a dimensão do eterno e por isso trilha por atalhos
que o máximo que podem fazer é anestesiar a alma. Fomos criados para adorar e
gozar o Senhor eternamente! A filosofia, arte, filantropia e religião, são
apenas paliativos que servem apenas socialmente e culturalmente, mas não
alimentam a alma.[28]
Culto
é serviço prestado a Deus. Este serviço deve ser prestado conforme o Senhor
determina em sua Palavra. Neste serviço prestado a Deus os sacramentos; batismo
e Ceia, os cânticos espirituais, segundo Calvino devem todos harmonizar-se com
as Escrituras, procedendo de corações quebrantados e contritos.
8.
A Reforma e a Educação
Calvino
dispunha de uma visão ampla da cultura, entendendo que Deus é Senhor de todas
as coisas. Assim, toda verdade é verdade de Deus. Esta perspectiva ampara-se no
conceito da “graça comum” ou “graça geral” de Deus. Portanto, em todas as
ciências e artes temos expressões verdadeiras que sendo analisadas pelas
Escrituras, podem edificar a nossa vida e serem úteis para o nosso crescimento
na fé e compreensão do cosmo.
Com
esta perspectiva, Calvino na sua primeira permanência em Genebra procura
melhorar as condições de ensino e posteriormente cria formas gratuitas de
ensino para as crianças carentes. Logo, Calvino é o precursor do ensino
público.
9.
A ética Social de Calvino
Calvino
afirmou: “Se seguirmos fielmente nosso
chamamento divino, receberemos o consolo de saber que não há trabalho
insignificante ou nojento que não seja verdadeiramente respeitado e importante
ante os olhos de Deus.” [29]Essa
declaração resume a visão de Calvino sobre trabalho e ética.
10. Calvinismo e Ciência
Calvino
era fascinado com as obras das mãos de Deus. Ele entendia que nelas podemos ver
aspectos da glória de Deus, como diz o Salmo 19.1, sendo o homem o ponto mais
magnífico desta gloria manifestada. Portanto, cabe ao homem apreciar e estudar
a natureza, pois nela se reflete a sabedoria divina. Calvino declara: “Se os homens chegassem a um genuíno
conhecimento de Deus, pela observação de suas obras, certamente que viriam a
conhecer a Deus de forma sábia.”[30]
Conclusão
Estudar sobre Calvino é desafiador e edificante.
Pois se trata de um homem que unia o intelectualismo e a vida de oração e
prática. Algo que tanto precisamos em nossos dias. Não basta ter conhecimento
teológico, é necessário vive-las nos recônditos da nossa alma. Precisamos
transpirar teologia em tudo que fazemos no cotidiano. Calvino nos desafia a
viver assim e mostra que é possível marca a história da igreja com uma vida
dedicada a glória de Deus.
Ao
terminar a leitura e avaliação desse precioso livro, nos tornamos mais
conscientes da grande obra que temos diante de nós, tendo como grande
incentivador vidas como a de Calvino, que olhou firmemente para o autor e
consumador da nossa fé, Cristo Jesus (Hb. 12.1-3). Devemos lutar para ter uma
perspectiva equilibrada pela Escritura como João Calvino teve, abordando todas
as áreas da vida e não vivendo enclausurados no templo denominacional. O reino
de Deus é muito maior que qualquer denominação e religiosidades, e por que devemos
viver pra Ele, por Ele, porque todas as coisas são dEle! A Ele a glória
eternamente, amém![31]
Terminaremos com essa
feliz e verdadeira declaração: “O
verdadeiro discípulo de Calvino só tem um caminho a seguir: não obedecer ao
próprio Calvino, mas àquele que era o mestre de Calvino.”[32]
[1] pp.15-25
[2] pp.
21
[3]pp. 22-25
[4] pp. 27-33
[5] pp. 27-33
[6] p.59
[7] p.66
[8] p.70
[9] p. 106
[10] p.110
[11] p.111
[12] p.116
[13] p.119
[14] p.139
[15] p.141
[16] p. 150
[17] p. 163
[18] p.163
[19] p.174
[20] p.201
[21] p.204
[22] p.209
[23] p.227
[24] p.234
[25] p.236
[26]
p.242
[27]
p.285
[28]
p.286
[29]
p.350
[30]
p. 387
[31]
Romanos 11. 33-36
[32]
p.399