Os Reformadores afirmaram que Somente a Escritura é a única regra de fé e prática para a vida do
crente. Somente por meio dela, que podemos conhecer verdadeiramente a Deus e conhecer a verdade. Essa continua sendo a declaração da Igreja de Cristo!
Você
tem duas opções com relação a conhecer a Deus: a primeira é desenvolver um
suposto conhecimento dele a partir da sua imaginação; a segunda é desenvolver
esse conhecimento a partir da revelação que Ele faz de si mesmo, que a
Escritura. O Dr. Bruce Bickel disse:
O Cristianismo fundamenta-se
na revelação. Se Deus, em sua soberana majestade, tivesse decidido não se
revelar aos seres humanos, não teríamos conhecimento sobre ele nem a
possibilidade de um real relacionamento com ele. Nosso conhecimento de Deus
abrange aquilo que lhe aprouve rever-nos a respeito de sua Pessoa. Todos os
esforços humanos destinados a conhece-lo levam a falsas religiões ou
misticismos. Consequentemente, a questão básica que determina nosso
relacionamento com Deus é a submissão, seja à sua revelação ou à nossa
imaginação.[1]
O SENHOR existe e
se revelou, esse é o pressuposto da nossa fé. Por isso cremos que toda a
Escritura é inspirada por Deus, como afirma o apostolo Paulo a Timóteo (2 Tm
3.16). A expressão “inspirada” (θεόπνευστος) não é a melhor tradução, o sentido mais adequado é que a Escritura é a
respiração de Deus, ou exalada por Deus.[2] Não
encontramos em toda o Novo Testamento o termo “inspiração”, apenas uma única
vez no Antigo Testamento, em Jó 35.10: “Mas
ninguém diz: Onde está Deus que me fez, que inspira canções de louvor durante a
noite.” O termo hebraico para inspiração aqui é נֹתֵ֖ן que pode ser traduzido literalmente como “dá”. A expressão usada por Paulo em 2 Timóteo 3.16
traz o sentido de soprado para fora e não soprado para dentro, como uma
inspiração, mas uma respiração de Deus, um sopro, é isso que é a Escritura!
Como bem afirmou
Benjamin B. Warfield sobre a força da expressão grega usada por Paulo em 2
Timóteo 3.16:
Numa palavra, o que se declara nesta passagem fundamental é,
simplesmente, que as Escrituras são um produto divino, sem qualquer indicação
da maneira como Deus operou para produzi-las. Não se poderia escolher nenhuma
outra expressão que afirmasse, com maior saliência, a produção divina das
Escrituras, como esta o faz (...) Paulo
(...) afirma com toda a energia possível que as escrituras são o produto de uma
operação especificamente divina.[3]
Embora a tradução
mais adequada de 2 Timóteo 3.16 não seja “inspiração”, usarei está por ser
comumente utilizada na teologia. Portanto, o que venho tentando dizer é que a
Escritura é o poder de Deus manifestado aos homens. O Salmo 33.6 fala: Pela palavra do Senhor foram feitos os céus,
e todo o exército deles pelo espirito da sua boca. Quando Paulo fala que a
Escritura é sopro de Deus ou respiração de Deus, que homens foram separados e
preparados para esse função sublime.
O apóstolo Pedro
escreve (2 Pe 1.20-21): sabendo,
primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular
elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana;
entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito
Santo. O apostolo Pedro afirma que os escritores das Escrituras forma
separados (santos) e movidos pelo Espírito Santo. A expressão “movidos” é ‘φερόμενοι’, era usado para descrever
navios levados pelo vento. A metáfora
aqui, é que os profetas levantavam suas velas e o Espírito Santo as inflava e
dirigia suas embarcações na direção que quisesse.[4]
O Dr. Warfield faz um pertinente comentário sobre essa passagem:
O que é “levado”,
é tomado pelo “portador”, e transportado pelo poder do portador, e não pelo
seu, para o destino do portador e não o seu próprio. Declara-se, aqui, que os
homens que falaram da parte de Deus foram tomados pelo Espírito Santo e
levados, pelo seu poder, ao alvo por Ele escolhido. As palavras que eles
disseram, sob esta operação do Espírito Santo, eram Suas e não deles. E essa é
a razão por que se afirma que a “palavra profética” é tão firme. Embora seja
falada pela instrumentalidade de homens, é, em virtude do fato de terem esses
homens falado “levados pelo Espírito Santo”, uma palavra diretamente de Deus.[5]
Cremos portanto,
que toda a Escritura é Palavra de Deus, escrito por homens separados e movidos
pelo Espírito Santo a transmitir a “respiração de Deus” para nós! Ela é a nossa
única regra de fé e prática, nosso porto seguro para conhecermos a Deus e nos
relacionarmos corretamente. O Senhor não é fruto da nossa imaginação fértil,
mas de um meditar e perscrutar sua Palavra! Continuemos firmados nessa verdade inabalável,
porque até que os céus e a terra passem, nem um i ou um til da Palavra passará
(Mt 5.18)!
A Ele toda a
glória!
Reverendo Márcio
Willian Chaveiro
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