Uma senhora cristã, citada por John Macarthur, fez
a seguinte pergunta sobre a igreja moderna: Quando
a igreja vai parar de entreter bodes e voltar a alimentar as ovelhas?[1]
Essa pergunta é salutar para nós, pois representa a angustia e indignação
dos verdadeiros crente com relação a atual situação da igreja evangélica que há
muito abandonou o Evangelho da cruz!
Falando sobre os siais de uma igreja verdadeira, John
Stott comenta que a igreja não foi chamada para se excluir do mundo e nem para
se assemelhar a ele: ...Não temos
liberdade de nos retirar do mundo nem para nos confundir com ele. Nas palavras
de Jesus, devemos estar no mundo, porém não ser parte do mundo. Precisamos
lembrar continuamente que a igreja pertence a dois âmbitos: o céu e a terra.[2]
Esse sempre foi o grande desafio da igreja de Cristo, discernir o seu próprio tempo
sem ser influenciado pecaminosamente por ele.
Em nosso tempo a teologia e pratica da igreja tem
sofrido todo tipo de influência pós moderna. Por outro lado temos uma prática
calvinista, praticada por muitos, totalmente fossilizada e isolada da realidade
do nosso tempo. A dificuldade toda gira em torno de construir uma teologia
firmada na Bíblia e transmiti-la na linguagem pós moderna, sem perder a
identidade teológica e histórica! Não é tarefa fácil. Os liberais tentaram
fazer isso, ao responder as críticas do iluminismo e falharam, se envolveram
demais com a cultura ao ponto de abraçarem a visão anti-sobrenaturalista.
Atualmente
é mais interessante não se posicionar, ser politicamente correto! Tozer fez uma
boa análise da situação da igreja e a influência pós moderna que ela vive:
A filosofia pragmática...não
faz perguntas embaraçosas a respeito da sabedoria daquilo que estamos
realizando ou a respeito de sua moralidade. Aceita como corretos e bons nossos
alvos escolhidos, buscando meios e maneiras eficientes para alcançá-los. E,
quando descobre algo que tem bom êxito, logo encontra um texto bíblico para
justifica-lo, “consagra-o ao Senhor e vai em frente. Em seguida alguém escreve
um artigo em uma revista, depois sai um livro e, finalmente, o inventor recebe
um título de honra. Após tudo isso, qualquer indagação quanto à sua biblicidade
ou até mesmo quanto ao seu valor moral é completamente rejeitada. Não há como
se argumentar contra o sucesso. O método produz resultados, portanto, deve ser
bom.[3]
Após fazer essa citação em seu livro “Com Vergonha
do Evangelho”, John Marcarthur faz o seguinte comentário:
Você percebe como esta nova filosofia necessariamente corrompe a sã
doutrina? Descarta o próprio método de Jesus – pregar e ensinar – como os
instrumentos primordiais do ministério, substituindo-os por metodologias
completamente vazias de conteúdo. Ela existe independente de qualquer credo ou
canon. Aliás, evita dogmas ou convicções fortes, considerando-os como
divisivos, indecorosos ou impróprios. Rejeita a doutrina como algo acadêmico,
abstrato, estéril, ameaçador ou simplesmente não pratico. Em vez de ensinar o erro ou negar a verdade, ela faz algo bem mais sutil e igualmente eficaz
do ponto de vista do inimigo. Não se preocupa com o conteúdo. Não ataca a
ortodoxia frontalmente, mas presta culto à verdade apenas da boca para fora,
enquanto mina, em silêncio, os alicerces da doutrina. Em vez de exaltar a Deus,
esta filosofia deprecia as coisas que são preciosas para Ele. Nesse sentido, o
pragmatismo se apresenta como um perigo mais sutil do que o liberalismo que
ameaçou a igreja na primeira metade deste século.[4]
Contudo, não é isso que a Bíblia ensina, o ensino é
de firmeza, de convicção na verdade (2 Tm 4. 1-5). O Senhor Jesus disse isso a
igreja que era politicamente correta, que não era nem fria e nem quente, a
igreja de Laodicéia (Ap 3. 15-17): Conheço
as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!
Assim, porque és morno e nem és frio, estou a ponto de vomitar-te da minha
boca; pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de cousa alguma, e nem
sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.” O correto é
comprar ouro refinado pelo fogo e colírio de Jesus (Ap 3. 18)! A igreja moderna
precisa se arrepender de seus pecados e voltar para Cristo! Todavia, para se
arrepender dos seus pecados é preciso conhecer o seu próprio estado deplorável a
luz da verdade da Escritura!
O que torna
uma igreja boa aos olhos do Senhor? Sem dúvida é a pregação fiel da Palavra e
não programas, estruturas, moveis, estacionamentos gigantescos, equipe de
música, coral, pastores, títulos teológicos ou coisa parecida![5]
A crise atual da igreja é devido principalmente à crise no púlpito e na vocação
pastoral! Somente no primeiro século da Igreja, ela foi tão envolvida por
paganismo e misticismo filosófico como hoje! A grande massa de fraudulentos
pastores que não conhecem o caráter santo de Deus é a razão principal de
vivermos essa triste realidade! O arrependimento precisa começar no púlpito para
depois alcançar os bancos! Por uma lógica simples, se é do púlpito que se
espalha a heresia e o mundanismo, tem que ser a partir dele que o avivamento
verdadeiro, movido pelo Espírito Santo por meio da sua Palavra, deve começar!
O que devemos fazer diante desse quadro caótico da
igreja evangélica? Temos que agir como Paulo exortou a Timóteo a fazer, pregar
a Palavra queiram ouvir ou não (2 Tm 4. 1-5)! Não podemos moldar o ministério
pastoral, a pregação, a igreja nos moldes do mundo para ter dele aceitação.
Quem assim age recebe o seu pagamento completo feito pelos ímpios, mas o
cidadão do Reino recebe o seu galardão em secreto do Pai, porque vive para o
glorificar e não para ser glorificado (Mt 6.1). Todos aqueles que desejam viver
piedosamente sofrerão perseguições (2 Tm 3.12). Mas o que é vida piedosa? João
Calvino definiu muito bem o que é piedade: Pela
fé, os piedosos vivem pelo que encontram em Cristo, e não pelo que encontram em
si mesmos.[6]
Que o Senhor nos fortaleça para vivermos
piedosamente em Cristo em meio a tanta perversidade e paganismo da igreja
moderna!
Reverendo Márcio Willian Chaveiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário