sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

A IGREJA MOLDADA PELO MUNDO!

Uma senhora cristã, citada por John Macarthur, fez a seguinte pergunta sobre a igreja moderna: Quando a igreja vai parar de entreter bodes e voltar a alimentar as ovelhas?[1] Essa pergunta é salutar para nós, pois representa a angustia e indignação dos verdadeiros crente com relação a atual situação da igreja evangélica que há muito abandonou o Evangelho da cruz!
Falando sobre os siais de uma igreja verdadeira, John Stott comenta que a igreja não foi chamada para se excluir do mundo e nem para se assemelhar a ele: ...Não temos liberdade de nos retirar do mundo nem para nos confundir com ele. Nas palavras de Jesus, devemos estar no mundo, porém não ser parte do mundo. Precisamos lembrar continuamente que a igreja pertence a dois âmbitos: o céu e a terra.[2] Esse sempre foi o grande desafio da igreja de Cristo, discernir o seu próprio tempo sem ser influenciado pecaminosamente por ele.
Em nosso tempo a teologia e pratica da igreja tem sofrido todo tipo de influência pós moderna. Por outro lado temos uma prática calvinista, praticada por muitos, totalmente fossilizada e isolada da realidade do nosso tempo. A dificuldade toda gira em torno de construir uma teologia firmada na Bíblia e transmiti-la na linguagem pós moderna, sem perder a identidade teológica e histórica! Não é tarefa fácil. Os liberais tentaram fazer isso, ao responder as críticas do iluminismo e falharam, se envolveram demais com a cultura ao ponto de abraçarem a visão anti-sobrenaturalista.
            Atualmente é mais interessante não se posicionar, ser politicamente correto! Tozer fez uma boa análise da situação da igreja e a influência pós moderna que ela vive:
     A filosofia pragmática...não faz perguntas embaraçosas a respeito da sabedoria daquilo que estamos realizando ou a respeito de sua moralidade. Aceita como corretos e bons nossos alvos escolhidos, buscando meios e maneiras eficientes para alcançá-los. E, quando descobre algo que tem bom êxito, logo encontra um texto bíblico para justifica-lo, “consagra-o ao Senhor e vai em frente. Em seguida alguém escreve um artigo em uma revista, depois sai um livro e, finalmente, o inventor recebe um título de honra. Após tudo isso, qualquer indagação quanto à sua biblicidade ou até mesmo quanto ao seu valor moral é completamente rejeitada. Não há como se argumentar contra o sucesso. O método produz resultados, portanto, deve ser bom.[3]

Após fazer essa citação em seu livro “Com Vergonha do Evangelho”, John Marcarthur faz o seguinte comentário:
Você percebe como esta nova filosofia necessariamente corrompe a sã doutrina? Descarta o próprio método de Jesus – pregar e ensinar – como os instrumentos primordiais do ministério, substituindo-os por metodologias completamente vazias de conteúdo. Ela existe independente de qualquer credo ou canon. Aliás, evita dogmas ou convicções fortes, considerando-os como divisivos, indecorosos ou impróprios. Rejeita a doutrina como algo acadêmico, abstrato, estéril, ameaçador ou simplesmente não pratico. Em vez de ensinar o erro ou negar a verdade, ela faz algo bem mais sutil e igualmente eficaz do ponto de vista do inimigo. Não se preocupa com o conteúdo. Não ataca a ortodoxia frontalmente, mas presta culto à verdade apenas da boca para fora, enquanto mina, em silêncio, os alicerces da doutrina. Em vez de exaltar a Deus, esta filosofia deprecia as coisas que são preciosas para Ele. Nesse sentido, o pragmatismo se apresenta como um perigo mais sutil do que o liberalismo que ameaçou a igreja na primeira metade deste século.[4]

Contudo, não é isso que a Bíblia ensina, o ensino é de firmeza, de convicção na verdade (2 Tm 4. 1-5). O Senhor Jesus disse isso a igreja que era politicamente correta, que não era nem fria e nem quente, a igreja de Laodicéia (Ap 3. 15-17): Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de cousa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.” O correto é comprar ouro refinado pelo fogo e colírio de Jesus (Ap 3. 18)! A igreja moderna precisa se arrepender de seus pecados e voltar para Cristo! Todavia, para se arrepender dos seus pecados é preciso conhecer o seu próprio estado deplorável a luz da verdade da Escritura!
 O que torna uma igreja boa aos olhos do Senhor? Sem dúvida é a pregação fiel da Palavra e não programas, estruturas, moveis, estacionamentos gigantescos, equipe de música, coral, pastores, títulos teológicos ou coisa parecida![5] A crise atual da igreja é devido principalmente à crise no púlpito e na vocação pastoral! Somente no primeiro século da Igreja, ela foi tão envolvida por paganismo e misticismo filosófico como hoje! A grande massa de fraudulentos pastores que não conhecem o caráter santo de Deus é a razão principal de vivermos essa triste realidade! O arrependimento precisa começar no púlpito para depois alcançar os bancos! Por uma lógica simples, se é do púlpito que se espalha a heresia e o mundanismo, tem que ser a partir dele que o avivamento verdadeiro, movido pelo Espírito Santo por meio da sua Palavra, deve começar!
O que devemos fazer diante desse quadro caótico da igreja evangélica? Temos que agir como Paulo exortou a Timóteo a fazer, pregar a Palavra queiram ouvir ou não (2 Tm 4. 1-5)! Não podemos moldar o ministério pastoral, a pregação, a igreja nos moldes do mundo para ter dele aceitação. Quem assim age recebe o seu pagamento completo feito pelos ímpios, mas o cidadão do Reino recebe o seu galardão em secreto do Pai, porque vive para o glorificar e não para ser glorificado (Mt 6.1). Todos aqueles que desejam viver piedosamente sofrerão perseguições (2 Tm 3.12). Mas o que é vida piedosa? João Calvino definiu muito bem o que é piedade: Pela fé, os piedosos vivem pelo que encontram em Cristo, e não pelo que encontram em si mesmos.[6]
Que o Senhor nos fortaleça para vivermos piedosamente em Cristo em meio a tanta perversidade e paganismo da igreja moderna!

Reverendo Márcio Willian Chaveiro



[1] JR., John Marcathur Jr.,  Com Vergonha do Evangelho, FIEL, 2004,  p. 79
[2] STOTT, John Stott, Sinais de uma Igreja Viva, ABU, 2006, p.19
[3] JR., John Marcathur Jr.,  2004,  p. 89
[4] Ibid,  pp. 89-90
[5] DEVER, Mark Dever, Nove Marcas de uma Igreja Saudável, FIEL, 2007,  p.58
[6] BEEKE, Joel Beeke, Espiritualidade Reformada, FIEL, 2006

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