terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

DEUS NÃO MUDA!


O homem muda seus planos de acordo com as circunstâncias, convicções éticas, morais ou religiosas, as novas percepções ou crescimento intelectual e emocional, circunstâncias adversas, são causas de mudanças de projetos, de desejos, de alvos existenciais. As variáveis da existência humana são muitas, e nenhum homem pode domina-las ou conhece-las de antemão. E ainda que pudesse, isso não daria a ele a condição de controlar o futuro, porque precisaria associado a isso ser todo poderoso! 
 Contudo Deus não muda seus planos, ou o seu Ser, por que é perfeito, completo. O que é perfeito, completo e suficiente em si mesmo, não precisa acréscimos ou aprendizado sobre alguma coisa, por isso não pode sofrer mudanças. Se Deus mudasse, ele seria limitado ou falho em seu Ser, estaria em processo evolutivo, em desenvolvimento eterno! Sendo Deus infinitamente perfeito, não pode mudar, como Arthur W. Pink expressou corretamente:
      Sua natureza e Seu ser são infinitos e, assim, não sujeitos a mutação alguma. Jamais houve tempo quando Ele não era; jamais virá tempo quando Ele deixará de ser: Deus não evoluiu, nem cresceu, quando Ele deixará de ser. Deus não evoluiu, nem cresceu, nem melhorou. Tudo que Ele é hoje, sempre foi e sempre será “...eu, o Senhor, não mudo...” (Malaquias 3.6) é a Sua afirmação categórica. Ele não pode mudar para melhor, pois já é perfeito; e, sendo perfeito, não pode mudar para pior. Completamente imune a tudo quanto Lhe é alheio, é impossível melhoramento ou deterioração. Ele é perpetuamente o mesmo. Somente Ele pode dizer: “...EU SOU O QUE SOU...” (Êxodo 3.14). Ele é absolutamente livre da influência do curso do tempo. Não há um vinco sequer nos sobrolhos da eternidade. Portanto,  o Seu poder jamais pode diminuir, nem Sua glória desvanecer.[1]
É verdade que existem textos bíblicos que aparentemente mostram que Deus se arrependeu, como este em Gênesis 6.6: então, se arrependeu o SENHOR de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração. Temos que entender que a Bíblia foi escrita em linguagem humana para expressar verdades eternas acerca do Ser e da vontade de Deus. Portanto, ao afirmar que o SENHOR se arrependeu é uma linguagem humana para dizer que Deus teve tristeza no coração em relação as atitudes pecaminosas do homem antes do dilúvio. Existem genuínas emoções e sentimentos no Ser de Deus, que são reveladas a nós desta forma, mas qual modo deveria ser, se não fosse assim? Podemos observar claramente no final deste texto citado: ...e isso lhe pesou no coração. Ora, o coração é a fonte das emoções e do nosso ser na linguagem bíblica, logo Deus sentiu tristeza em seu ser por ver a maldade humana, ou seja, o texto está mostrando que o Senhor tem emoções e reações com relação as ações da humanidade e não que houve mudança ou arrependimento nEle. Compare esta argumentação com o que Tiago 1.17 afirmou: Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes em quem não pode existir variação ou sombra de mudança.  Em Números 23.19, escrito pelo autor de Gênesis 6.6, Moisés, é dito: Deus não é homem para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá?[2] Também em I Samuel 15.29 é dito:  Também a glória de Israel não mente, nem se arrepende, porquanto não é homem, para que se arrependa. Malaquias declarou a mesma verdade a casa de Jacó (Ml 3.6): Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos.
Quando Deus fala de si mesmo, Deus frequentemente acomoda a Sua linguagem às nossas capacidades limitadas. Ele Se descreve  como revestido de membros corporais como olhos, ouvidos, mãos; fala de si como tendo “despertado” (Salmo 78.65) e como “madrugado” (Jeremias 7.13), são apenas formas de linguagem para revelar ações e sentimentos de Deus em relação a nós. Quando Ele estabelece uma mudança em Seu procedimento para com os homens, descreve a Sua linha de conduta em termos de arrepender-se.[3] Como bem definiu Grudem: Deus é imutável no seu ser, nas suas perfeições, nos seus propósitos e nas suas promessas; porém, Deus age e sente emoções, e age e sente de modos diversos diante de situações diferentes.[4]
Imagine se Deus mudasse, evoluindo por não ser perfeito e todo poderoso! Você confiaria em um deus que muda na medida que a realidade altera? Como construiria sua fé em uma divindade tão instável? Como poderia confiar em suas promessas redentoras reveladas na Bíblia? Mas, sabemos em quem temos crido e que é poderoso para guardar o nosso depósito até aquele Dia (2 Tm 1.12)!
Reverendo Márcio Willian Chaveiro




[1] PINK, Arthur W. Pink, Atributos de Deus, Editora FIEL, 2001, São Paulo,  p.52
[2] São palavras de Balaão, registradas por Moisés, o que não invalida a verdade nela revelada.
[3] PINK, 2001,   p.54
[4] GRUDEM, 2006,  p. 111

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