terça-feira, 27 de janeiro de 2015

O HOMEM E OS EFEITOS DO PECADO

           
               Podemos definir o homem de forma correta? Muitos filósofos tentaram isto e fracassaram, a ciência evolucionista tenta definir como fruto de um processo evolutivo que duraram milhões de anos e que continua em evolução. O movimento homossexual se baseia nesse pensamento que o homem moderno evoluiu e por isso a homossexualidade é um novo gênero da espécie humana.  Por outro lado, muitas seitas religiosas definem o homem como sendo uma sucessiva encarnação de vidas passadas. A pós-modernidade afirma que o homem ao nascer é uma tabua rasa ou uma folha em branco ao nascer, que ao ter contato com realidade recebe impressões em seu ser e se torna o que a realidade que ele tem contato o faz ser. Logo, temos que mudar a realidade e não o homem! Mas qual o conceito correto sobre o homem?
            Estudar o homem a partir do próprio homem produz conceitos errados sobre ele. O que temos na psicologia, filosofia, sociologia e outras ciências são estudos rasos por proceder de concepções puramente humanas. Todavia, quando o homem é estudado a partir da revelação dada pelo seu Criador, os conceitos tornam-se concretos e realistas. Só é possível conhecer o homem a partir da Escritura, como base absoluta de revelação e porto seguro de conhecimento.
          Nenhuma ciência citada acima considera a existência do pecado no homem. A Queda do homem do seu estado de perfeição no Jardim no Éden é tido como mito, lenda, por essas áreas de conhecimento. Essa incredulidade com relação a Queda e seus efeitos no homem e no mundo, atrasou todas as áreas de conhecimento humano. Acham muito mais plausível crer que o homem é uma evolução do macaco ou de uma ameba, do que ter sido criado a imagem de Deus!
  1. O HOMEM FOI CRIADO A IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS
            O que significa dizer que o homem foi criado a imagem e semelhança de Deus, conforme Gênesis 1.27? Para entendermos, é preciso seguir a lógica do texto bíblico no seu contexto:
a)      Deus criou o mundo em seis dias e no sétimo dia descansou. Significa que tudo foi criado em seis dias e a partir daí o Senhor não cria mais nada. A partir da criação concluída o SENHOR governa providencialmente[1] todas as coisas, administrando-as para sua glória. Ao terminar sua obra criadora Ele diz que tudo era muito bom (cf. Gn. 1.31; 2.1-2)! Exatamente como Ele planejou criar!
b)      O homem e a mulher foram criados no sexto dia, ou seja, no último dia do ato criador de Deus (Gn. 1.24-31). De toda a criação, somente o homem e a mulher foram criados a imagem e semelhança de Deus.
Vou explicar os termos “imagem e semelhança” aqui usados:
·         Primeiro, “imagem e semelhança” significam a mesma verdade, são ênfases de um mesmo aspecto.
·         Segundo, Deus não tem forma física ou matéria, é Espírito Puríssimo, não tem partes, não tem corpo, não tem matéria, não tem aparência, logo, o homem e a mulher não foram criados a imagem física de Deus, porque Ele não tem matéria ou corpo.
·         Terceiro, a imagem de Deus no homem diz respeito a outros aspectos, tais como: razão, vontade, emoções, moral, justiça, retidão,... que o homem tinha de forma limitada a semelhança da forma ilimitada encontrada em Deus.
c)      O homem foi criado para manifestar a sabedoria e bondade de Deus na terra. Deveria cuidar do Éden como um gerente da criação, dominando a terra com sabedoria, desenvolvendo uma cultura que glorificasse o SENHOR; sociedade perfeita como resultado de uma relação harmoniosa com o seu Criador (Gn. 1.26,28; 2.1-2); no sétimo dia deveria parar toda as suas atividades e prestar culto coletivo ao SENHOR, é um relacionamento espiritual. Essas são formas do homem relacionar com o Senhor de acordo com a aliança. Portanto, o homem deveria revelar a glória de Deus nas suas relações com o semelhante, com a natureza e principalmente como seu Criador.
  1.  A QUEDA DO HOMEM E SEUS EFEITOS
            O capítulo três de Gênesis registra a Queda da humanidade, através do nosso representante, Adão. O nome “Adão”, significa humanidade e Deus o colocou como representante legal dos homens. O que ele fez representava todos, tendo caído em pecado, toda a humanidade caiu. Todos nós estávamos representados em Adão. Podemos constatar que por natureza somos iguais a Adão e por genética nascemos inimigos de Deus, em toda parte do mundo e em todas as épocas, o homem sempre cometeu os mesmos pecados. Logo, nascemos a partir de Adão com a culpa (porque ele nos representava) e por natureza nascemos pecadores. Porque pecador com pecador gera pecador: seus pais eram pecadores e os pais deles também e assim por diante até chegar em Adão.  
Resumindo fica assim:                
Adão
Todos os homens a partir da Queda de Adão nascem corrompidos pelo pecado em todo o seu ser e recebem os efeitos da Queda. Sua mente, vontade, emoções, moral, justiça, retidão, corpo... tudo foi afetado completamente pelo pecado (Rm 3. 9-18)
Todos após a Queda nascem espiritualmente mortos, escravos da carne, do mundo e do Diabo, inimigos de Deus por natureza (Ef 2. 1-10)
            
Vejamos alguns aspectos desta Queda:
Ø  Homem era perfeito e se relacionava com o Criador de forma correta (Gen. 1.31)
Ø  A ordem foi dada por Deus para que não comesse da arvore do conhecimento do bem e do mal, tendo como penalidade a morte. Esta morte tem 4 aspectos: morte física; morte espiritual; morte judicial e morte eterna (Gn. 2. 16-17)
Ø  Esta morte trouxe consequências para toda a humanidade: multiplicação das dores de parto na mulher (3.16); guerra entre os sexos, “...ele te governará.” (3.16); A terra é amaldiçoada por causa do homem (3.17); O sustento é tirado com grande dificuldade da terra (3.17-18); O homem vai trabalhar duramente até a morte (3.19); O homem foi expulso do paraíso e tornou-se peregrino em direção ao paraíso restaurado.
Paulo diz que (Rm. 5.12): Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. A morte entrou pelo primeiro Adão, mas a vida eterna entrou pelo segundo Adão, Cristo, o representante dos eleitos na cruz.
Em Cristo somos representados na cruz, pois Ele carregou sobre si a nossa culpa e pecados (Is 53). Ao morrer na cruz, a dívida foi paga e agora temos a vida eterna. Somos libertados da culpa do pecado, porque Cristo nos representou na cruz pagando a nossa dívida; não somos mais pecadores condenados ao inferno por nascimento ou natureza, porque em Cristo fomos feitas novas criaturas, através da regeneração[2] operada pelo Espírito Santo.
  1. O QUE É PECADO?
      Existem muitos conceitos errados com relação ao pecado. Para entendermos o que é pecado, precisamos voltar os nossos olhos para o padrão que determina o certo e o errado, que é a Escritura.
      O nosso tempo pós-moderno relativizou o pecado e o erro. Pense nesse raciocino:  décadas atrás o adultério era crime e a separação proibida, hoje ambos são permitidos e profundamente aceitos pelos padrões da sociedade. Outro exemplo é a homossexualidade. Tempos passados era tido como doença psíquica, depois tornou-se opção sexual, agora é evolução da espécie humana, um novo gênero. O que nos impede de acreditar que daqui uns anos a pedofilia deixará de ser uma doença, para ser uma opção sexual na visão da sociedade? Em 2011 um homem de 18 anos foi preso por beijar uma garota de 13 anos na praça, mesmo com o consentimento dela. Na mesma época o jogador Neymar Jr., na época era jogador dos Santos, com 18 anos, engravidou uma menina de 17 anos, e a mídia e sociedade aplaudiram e todos queriam saber quem era essa garota “sortuda”![3] Nos dois casos não é pedofilia? São dois pesos e duas medidas que a sociedade usa, prende um e aplaude outro!
O que quero demonstrar com estes fatos é que o padrão moral da sociedade muda, com isso o que é errado hoje, amanhã não é mais. Todavia, o padrão de Deus é perfeito, não muda e julga o que é certo e o que é errado. Pecado é desobedecer o padrão de Deus, errar o alvo. Qual é o alvo do homem? Obedecer a Deus. O apóstolo João define o pecado (1 João 3.4): Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei.
            Pecado é deixar de se conformar à lei moral e santa de Deus, seja em ato, seja em atitude, seja em natureza. Não podemos guiar a nossa justiça, padrão moral e espiritual pelos padrões sociais. Temos que nos orientar pela Palavra de Deus, que não muda e revela a justiça e santidade do Senhor. As Escrituras julgam o nosso procedimento e também os nossos pensamentos e sentimentos. Pecamos contra Deus com pensamentos, sentimentos e ações. A sociedade só avalia ações, e isto de forma bem precária. Mas o Senhor examina os corações, nada passa despercebido dos seus olhos. Portanto, ser servo de Cristo é guerrear constantemente contra o nosso “eu”!  A sociedade massageia o seu “ego”, a Bíblia destrói o “ego” para que seja achado somente Cristo no seu ser!
CONSIDERAÇÕES FINAIS
            Não podemos definir o que é errado ou certo pelo que o nosso tempo diz que é. O homem procura distorcer a verdade para acomodar suas práticas erradas. Na verdade a consciência humana acusa e defende, de forma que os homens sabem o que é certo e o que é errado, mas tentam fugir dessa verdade (Rm. 2.15). Somente quando o Espírito Santo regenera, é que realmente entendemos a luz da Bíblia o que é pecado, o que é certo e errado.
            Terminarei com a declaração da Confissão de Westminster[4] sobre o pecado:
Todo o pecado, tanto o original como o atual, sendo transgressão da justa lei de Deus e a ela contrária, torna, pela sua própria natureza, culpado o pecador e por essa culpa está ele está sujeito à ira de Deus e à maldição da lei e, portanto, exposto à morte, com todas as misérias espirituais, temporais e eternas.[5]

Reverendo Márcio Willian Chaveiro 



[1] Providência significa o governo soberano de Deus sobre tudo que foi criado.
[2] Nascer de novo, ter uma nova natureza
[3] Fonte da Notícia: http://www.portalrg.com.br/noticia/neymar-engravida-adolescente-mas-quer-fazer-teste-de-dna-69534.html
[4] Confissão de Fé de Westminster – capitulo VI – seção VI
[5] I João 3.4; Rom. 2.15; Rom. 3.9, 19; Ef. 2.3; Gal. 3.10; Rom. 6.23; Ef. 6.18; Lm, 3.39; Mat. 25.41; II Tess. 1.9

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

UMA RESENHA DO FILME: EXODUS -DEUSES E REIS

Eu coloquei minha opinião sobre o filme Noé quando fui assistir no cinema, e expus meu desanimo ao constatar que além de ser completamente contrário ao relato bíblico era mal produzido cinematograficamente! Não posso dizer o mesmo para o filme Êxodo. Ele tem distorções já esperadas da história real da saída do povo do Egito e do próprio Moisés, o que não irei entrar em detalhes aqui, pois imagino que o crente que conhece o mínimo de Bíblia é capaz de perceber os erros. Mas em termos de produção cinematográfica, eu particularmente gostei e valeu o ingresso apenas nesse sentido, o que não é verdade com relação ao filme Noé, quando expus minha opinião.
 Todavia, vale algumas considerações gerais com relação a algo que muitos cristãos não tem percebido com clareza, a filosofia humanista por trás da produção desse filme! Normalmente os crentes ficam atentos apenas as distorções bíblicas, o que é de suma importância, mas poucos avaliam a ideologia por trás do intento dos produtores ímpios desses filmes!
Segue algumas breves considerações sem ter aqui a intenção de contar o filme, o que deixaria furiosos comigo aqueles que desejam assistir! É importante que cada assista e tire suas próprias conclusões. Aqui vãos as minhas conclusões:
1. Eu diria que de acordo com o filme, Deus é um delírio mental de Moisés ou uma reprodução divina do que ele gostaria de ser, e não verdadeiramente o Eu sou o que sou de Êxodo 3.14! É mais semelhante ao Deus do livro de Richard Dawkins “Deus um delírio” do que o Deus vivo!
2. O cetismo de Moisés é muito semelhante ao cetismo dos ateus modernos, com suas críticas a tudo que se relaciona a Deus. Na realidade, em alguns argumentos utilizados no filme, revelam claramente e sutilmente, o neo ateísmo do século XXI, o que seria impossível existir em Moisés ou até mesmo no Faraó, quanto a acreditar em uma divindade.
3. O filme mistura ateísmo com misticismo moderno, para colocar na mente das pessoas que o que a Bíblia narra é igual a tudo que é narrado pelas religiões e pelos mitos, causando descredito em seus relatos e agradando gregos e troianos, ou ateus e místicos!
4. A ideologia é de mostrar que aquilo que os povos antigos entendiam como sendo ações sobrenaturais e divinas, eram na verdade fenômenos naturais que a ciência da época não podia explicar e por "ignorantemente" esses povos, incluindo o hebreu, atribuíam as suas divindades! No século XXI com a ciência avançada já podemos explicar muitas coisas "racionalmente" e chegará um tempo que a "divina ciência” explicará tudo que hoje é atribuído a existência de Deus! Então, meu irmão entenda que "crer é também pensar"!
Considerações Finais
 Se você deseja assistir apenas por entretenimento, para ver as guerras e um pouco de representação cinematográfica da época do Império Egípcio, vale a pena ir ao cinema! Todavia, se ingenuamente você acha que o mundo tem abraçado o Evangelho e Hollywood está preocupado com sua fé, fica em casa!
A grande estratégia de Satanás no século XXI é colocar na mente de muitos crentes imaturos na fé e ignorantes biblicamente, que a cultura e a sociedade tem abraçado a nossa fé, ao ouvir música gospel, convidar cantores evangélicos para programa de televisão, produzir filmes baseado em narrativa bíblicas, escrever livros que falam que Jesus é o maior psicólogo do mundo e assim por diante! Com essa estratégia de colocar o homem no centro, a fé de muitos tem esfriado e a apostasia aumentado! Tenha discernimento bíblico e teológico para assistir, ouvir, ler o que lhe é oferecido pelo mundo anti Deus!
O único filme que teve sua história pelo menos uns 80% de acordo com os relatos bíblicos, foi Paixão de Cristo, produzido por Mel Gibson, e o que ocorreu quando ele foi lançado? Muitos no mundo protestaram e o ator que representou Cristo nunca mais teve outro filme para fazer! O mundo odeia Cristo e o Evangelho ou qualquer semelhança a ele, mesmo que produzido por um ímpio como Mel Gibson!
Espero ter contribuído para sua avaliação do filme!

Reverendo Márcio Willian Chaveiro

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

É FÁCIL SER PASTOR PARA AQUELES QUE...!

               
É fácil ser pastor para aqueles que não são verdadeiramente chamados pelo Senhor! Para aqueles que não sofrem pelo Evangelho, pela Igreja, pela Verdade! É fácil ser pastor para aqueles que não se esmeram no ensino da Palavra para a manejar bem (1 Tm 5.17;2 Tm 2.15)! É fácil para aqueles que o ministério é um “complemento salarial” e não sua missão como de um soldado que deseja satisfazer aquele que o arregimentou, que batalha conforme as normas do Evangelho e planta para a glória de Deus (2 Tm 2.4)! Para aqueles que são impostores, que enganam e são enganados (2Tm 3.13)! É fácil para aqueles que usurpam da igreja seus recursos e não o sustento digno de um verdadeiro ministro, que são dominadores e desejam ser bajulados o tempo todo pela igreja (1Pe 5.2)! Para aqueles ministros que agem politicamente correto, que nunca tratam os problemas reais da igreja, para não perder o “emprego” ou as regalias que adquiriu! É fácil para aqueles que só pensam em si mesmos e nos benefícios momentâneos para suas famílias enquanto estão pastoreando em algum campo que proporciona essa situação! Para aqueles que vivem ociosamente a semana toda e no domingo pregam sermões superficiais recheados de piadas sem graça e desprovido de exposição bíblica! O Dr. Augustos Nicodemus disse que ministros que não foram chamados por Deus é a raiz de todos os males na igrejas locais e nos concílios eclesiásticos![1]
            O ministério fiel é luta, sofrimento, altruísmo para aqueles que são verdadeiramente chamados! Esses participam dos sofrimentos de Cristo, mesmo sendo co-participantes da glória que há de ser revelada (1 Pe 5.1)! Os pastores vocacionados pastoreiam voluntariamente, mesmo quando a igreja não o reconhece e não o sustenta para desenvolver melhor o seu trabalho sem maiores preocupações (1 Co 9. 6-9; 1 Pe 5.2)! O ministro fiel se esmera na Palavra não por obrigação, mas porque ama estudar e conhecer a Deus para instruir o rebanho (At 20.27)! Cuida de si mesmo antes de cuidar do rebanho (At 20.28)! O pastor que segue o Supremo Pastor tem consciência que seu dom é para edificar os crentes para que sejam progressivamente semelhantes a Cristo e não para ter admiradores (Ef 4. 11-16)! O ministro fiel protege o rebanho dos lobos, combate o bom combate e quando está próximo de sua partida, guarda seguramente a fé, e aguarda ansiosamente a coroa que lhe esta guardada (At 20.29; 2 Tm 4. 6-8)! O pastor vocacionado nunca se envergonha do Evangelho porque é o poder de Deus e sabe que o Senhor é fiel para guardar o seu deposito até o fim (Rm 1.6); 1 Tm 1. 12)!
O ministro fiel tem sua vida construída sob a Escritura, porém, interpreta o seu tempo adequadamente, e expõe essa dupla realidade em suas mensagens para a igreja, composta de peregrinos! Falando sobre a importância da pregação dos pastores, John Stott afirmou: o sermão que o pastor prega deve ser uma ponte entre dois mundos: o texto antigo e o ouvinte contemporâneo. O pastor precisa conhecer esses dois mundos: tanto o texto quanto seus ouvintes.[2] Uma ovelha instruída desejará acima de qualquer coisa que seu pastor se dedique ao estudo fiel das Escrituras, porque terá sempre nos estudos e mensagens dominicais, alimento solido!
Um pastor fiel não molda seu ministério ou sermões ao gosto dos ouvintes, mas a ordem do Supremo Pastor (2 Tm 4.1-2). O fiel ministro sempre corre risco de não ser aceito e também de ser confrontado com a própria mensagem, como afirmou Ralph Lewis:
Mas um ministério significativo requer mais do que arriscar nossos sermões. Pode significar riscos para nós mesmos. Significa colocar-nos no banco da igreja com nosso povo, admitindo nossa condição humana a nós mesmos e a eles, e pregar com a convicção de que todos somos “cooperadores de Deus.[3]
Porque existem igrejas fracas? A causa é o ministro preguiçoso atrás do púlpito! Não digo fraqueza da igreja com relação a números apenas, porque isso pode ser enganoso, mas com relação a vida de piedade dos membros! John Stott disse:
Nossa adoração é fraca porque nossos conhecimentos de Deus são fracos, e nossos conhecimentos de Deus são fracos porque a nossa pregação é fraca. Quando, porém, a Palavra de Deus é exposta na sua plenitude e a congregação começa a ter um vislumbre da glória do Deus vivo, todos se curvam em reverente temor solene e admiração jubilosa diante do seu trono. É a pregação que realiza isso – a proclamação da Palavra de Deus no poder do Espírito de Deus. É por isso que a pregação é incomparável e insubstituível.[4]
O pregador precisa ser fiel exegeticamente a Escritura, como disse  Stuart Olyott na mesma perspectiva afirmou:
Pecamos quando pregamos aquilo que achamos que as Escrituras afirmam, e não pregamos o seu verdadeiro significado. Também pecamos quando pregamos os pensamentos que a Palavra desperta em nosso intelecto e não aquilo que a Palavra realmente declara. Um arauto é um traidor, se não transmite exatamente o que o Rei diz. Quem ousará colocar-se diante de uma congregação e proclamar: Assim diz o Senhor”, afirmando em seguida, no nome do Senhor, aquilo que Ele não disse? Precisamos enfatizar novamente: na pregação, não existe nada – nada mesmo – que seja mais importante do que a exatidão exegética.[5]
O Reverendo Hernandes Dias Lopes fala sobre o tipo de pastores que a igreja precisa:
Precisamos de pastores que amem Deus mais do que seu sucesso pessoal. Precisamos de pastores que se afadiguem na Palavra e tragam alimento a intimidade de Deus para o povo. Precisamos de pastores que conheçam a intimidade de Deus pela oração e sejam exemplo de piedade para o rebanho. Precisamos de pastores que deem a vida pelo rebanho em vez de explorarem o rebanho. Precisamos de pastores que tenham coragem de dizer “não” quando todos estão dizendo “sim” e, dizer “sim”, quando a maioria diz “não”. Precisamos de pastores que não se dobrem ao pragmatismo nem vendam sua consciência por dinheiro ou sucesso. Precisamos de pastores fiéis e não de pastores populares. Precisamos de homens quebrantados e não de astros ensimesmados.[6]
            Muitos pastores serão condenados eternamente no inferno por sua infidelidade e impiedade, por adorarem seu próprio ventre  (Mt 7. 15-23; Fl 3.19)! Por isso Tiago disse (3.1): Meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo. O ministério traz consigo grande responsabilidade para aquele que o exerce! Como bem colocou o grande pastor de Kidderminster Richard Baxter (1615-1691): Deus não faz acepção de pessoas. Ele não me salva por causa do meu colarinho  clerical, nem por causa da minha vocação ministerial. Uma santa vocação não salvará um homem que não é santo.[7]
            O Dr. Carson diz que é importante honrar aqueles ministros que se dedicam a escrever livros, artigos, dar treinamento pastoral! Contudo, muitos destes não creem no poder da Palavra: ...É possível escrever comentários sem lembrar constantemente que Deus mesmo está presente e se revela mais uma vez ao seu povo, por meio da Palavra.[8] Mais adiante ele afirma que o pastor acadêmico precisa sair dos seus portões eclesiásticos e se envolver na cultura através de um contato pessoal e não teórico, influenciando intelectualmente e evangelizando: Se você é um acadêmico, precisa colocar-se em situações em que, por assim dizer, toma de vez em quando o seu lugar nas tropas da linha de frente. Isso significa engajamento no mundo exterior em um nível pessoal, em um nível intelectual e cultural; significa trabalhar e servir a igreja local; significa engajar-se na evangelização...[9]
            Eu sei que os ministros fiéis não se sentirão ofendidos com esse artigo, mas os ministros infiéis, construirão várias críticas e desculpas para continuarem na infidelidade e comodidade! Ser pastor conforme a Bíblia exige, é muito difícil, somente pela graça e poder do Espírito Santo podemos exercer progressivamente o nosso ministério de forma fiel! Por isso, o verdadeiro vocacionado tem alvo, que é agradar o Supremo Pastor, o glorificar e se sente sempre devedor! Sabe que sua coroa de glória imarcescível será entregue no final da caminhada (1 Pe 5.4)! Que Ele ajude a todo pastor verdadeiramente chamado, a ser o que deve buscar ser, para a glória dele! A Ele toda a glória, amém!
Márcio Willian Chaveiro
           




[1] LOPES, Augustus Nicodemus, Interpretando a Carta de Tiago, Cultura Cristã, 2006. p. 122
[2] LOPES, Hernandes Dias Lopes, De: Pastor A: Pastor, HAGNOS, 2010, p.46
[3] LEWIS, Ralph Lewis com Gregg Lewis, Pregação Indutiva, 2003, Cultura Cristã, p. 28
[4] STOTT, John Stott, Eu Creio na Pregação, São Paulo, Editora Vida, 2003, p. 89
[5] OLYOTT, Stuart Olyott, Pregação Pura e Simples, Editora FIEL, 2008
[6] LOPES, Hernandes Dias Lopes, De: Pastor A: Pastor, HAGNOS, 2010
[7] BAXTER, Richard Baxter, O Pastor Aprovado, PES, 1996,p.59
[8] CARSON, D. A. Carson & John Piper, O Pastor como Mestre e o Mestre como Pastor, FIEL, 2011,  p.96
[9] CARSON, 2011, p. 96

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

O CASAMENTO DA IGREJA COM A CULTURA PÓS MODERNA E AS SUAS CONSEQUÊNCIAS!


 
Foram seis dias de profunda manifestação de poder, bondade, justiça, harmonia, paz, da parte de Deus.  Ele fez tudo no seu devido lugar, cada um com sua função específica dentro de uma harmonia perfeita! No sexto dia Deus criou um ser pessoal, que deveria cuidar de toda a criação, como um vice-gerente, dominando a criação de forma sábia e que glorificasse o Criador. O texto bíblico afirma maravilhosamente que o Senhor criou o homem e a mulher a sua imagem e semelhança. Ter sido criado a imagem e Semelhança de Elohim, significa que o homem foi dotado de razão, vontade e emoções a semelhança do Criador, em proporções infinitas. Todos estes recursos no homem deveriam levá-lo a glorificar o Criador através da sua relação com o Cosmo.
                        Dentre todos os seres criados, foi dado somente ao homem o privilégio de refletir a justiça, moralidade, santidade, racionalidade, as emoções e vontades do Senhor. O relacionamento do homem com a criação deveria promover uma cultura que exaltasse Deus, que estivesse dentro de uma visão teocêntrica em todos os níveis e esferas possíveis.
            Este plano é narrado por Moisés nos dois primeiros capítulos de Gênesis. Esse profeta narra como cosmo foi criado, com o propósito de tirar do coração do povo de Israel recém libertado, o Egito e tudo que o envolvia. Alguém disse que com o cajado, Moisés tirou o povo de Israel do Egito, mas com Gênesis ele tirou o Egito do coração do povo!
             Contudo, o livro continua sua narrativa inspirada, dizendo que Satanás incorporado na serpente (Gn. 3.1) conversa com Eva e a envolve no erro. Distorce o que Deus havia dito, consequentemente Eva acredita na argumentação do inimigo. É enganada e desobedece ao Senhor, tendo o consentimento de Adão, este que deveria liderá-la. Ambos comem da arvore do conhecimento do bem e do mal e sofrem as consequências de seus atos pecaminosos.
            Seus olhos são abertos e percebem a ilusão causada pelo engano do pecado. São expulsos do Éden e agora terão que viver como escravos do pecado, com as consequências físicas, psíquicas e principalmente espirituais, resultantes da Queda.
            No capítulo 4, vemos as consequências imediatas do pecado na família de Adão e Eva. Nascem dois irmãos: Caim e Abel. O primeiro por inveja, ciúme, mata o seu irmão (4.1-7). Vemos depois que Adão teve filhos e filhas, dentre eles um que se chamou Sete, do qual saiu uma descendência que invocaria o Senhor (4.26).
            Da descendência de Caim surgem alguns que se destacam por sua impiedade e perversão. Essa descendência desenvolve uma cultura que se contrapõe a vontade de Deus (4.17-24). O próprio Caim é o inventor da urbanização, edificando cidades (Gn. 4.17); a poligamia surge com um descendente dele, com Lameque (Gn. 4.19); Jabal, foi o criador da pecuária (4.20); Jubal foi o criador dos instrumentos musicais (Gn. 4.21). Portanto, vemos nesses textos que a cultura foi desenvolvida inicialmente pelos descendentes de Caim e não através dos descendentes de Sete. É uma cultura com grandes inventos, mas motivada por sentimentos impiedosos e pervertidos, logo, é uma cultura anti Deus.
                        O pecado desde o início guiou as motivações inventoras dos homens. Todo o pressuposto dos descendentes de Caim partia de uma visão antropocêntrica! Seus olhos foram impedidos de ver e reconhecer a glória de Deus revelada dos céus e no firmamento, como declarou Davi no Salmo 19! Devido a cegueira causada pelo pecado, usaram dos recursos dados por Deus, para constituir uma filosofia de vida contrária à vontade soberana do Criador.
            Adão foi criado para cuidar da criação e desenvolver uma cultura que glorificasse de forma perfeita o Criador. Todavia, com o pecado penetrando todo o seu ser, mudou tudo. Ele após a Queda. Gerou pecadores, e Caim se torna o maior exemplo de rebeldia, impiedade, distanciamento de Deus. É o descendente espiritual da Serpente (Gn. 3.15). Os descendentes de Caim continuam nos mesmos erros e promovem uma cultura anti-Deus!
            O mundo desde a Queda sofreu muitas mudanças culturais. O comum em todas essas transformações é a rebeldia aos princípios e mandamentos da Palavra de Deus. Desenvolveram uma cultura distante do Senhor em todos os aspectos. Podemos ver isso quando a humanidade constrói a Torre de Babel na intenção de ter os nomes conhecidos no mundo antigo (Gn. 11.1-9). Esse acontecimento é logo após o Dilúvio, os descendentes de Cam, motivados por Ninrode, procuram globalizar o mundo da época em torno do poder humano. A Torre de Babel prova que mesmo após o juízo do Senhor sobre a humanidade através do Dilúvio, o homem continua distante do Senhor e promove cultura anti-Deus. O filho amaldiçoado de Noé, Cam é o representante legal dos descendentes da serpente, assim como foram os descendentes de Caim, pré-diluvianos. O Senhor desce (figuradamente) e destrói esta Torre e confunde as línguas para refrear o mal, porque a facilidade na comunicação em uma cultura que se propõe ser globalizada expande rapidamente a rebeldia ao Criador. Portanto, a destruição da Torre de Babel e o surgimento de línguas foi um ato gracioso de Elohim sobre a humanidade caída.
            Dentre tantas mudanças culturais, rebeldias, das civilizações contra Deus, nascidas a partir da Queda do homem, vivemos no século XXI, que é conhecida como pós modernidade. Culturalmente, este pensamento enfatiza o prazer, o sentimento, o relativismo, o pragmatismo, e todos os “ismos” possíveis. É essencialmente defensora da quebra de paradigmas, de absolutos, de dogmas, logo, contra o verdadeiro cristianismo!
            Vivemos em um mundo globalizado, relativizado socialmente, culturalmente e religiosamente, sendo amante do pragmatismo (deu certo então é verdadeiro). Um mundo que ainda colhe a frustração do pensamento iluminista que sofreu um grande golpe após as duas guerras mundiais, proporcionando um desmoronamento da razão humana como juiz da verdade. Em lugar da razão, a pós modernidade colocou o coração como centro! Os iluministas pensavam que o homem com sua razão poderia causar uma eterna harmonia na humanidade, que solucionaria todos os problemas sociais e culturais, ao ponto de Nietzsche dizer que Deus estava morto! Vieram as guerras e demonstrou o contrário, que a razão humana é má, maligna, perversa, tendo como um grande símbolo disto, Adolfer Hitler!
            A pós modernidade é consequência desta frustração do iluminismo. Essa posição cultural acredita no sobrenatural exageradamente, no subjetivismo, no místico, no sentimento, no prazer individual. O alvo principal do pensamento pós-moderno é tornar o homem feliz, de qualquer forma, custe o que custar! Não importa o que a sociedade pense, o importante é você sentir-se feliz consigo mesmo! É a cultura do egoísmo, do culto à personalidade! Por isso você encontra livros e auto-ajuda em todas as livrarias, ensinando como ser feliz! As novelas, filmes, propagandas, internet, investem pesado em entretenimento, para satisfazer o “ego” do homem pós-moderno, que necessita de prazer e felicidade imediatos! Como disse o grande matemático Blaise Pascal: “Todos os homens procuram ser felizes. Isso não tem exceção, por mais diferentes que sejam os meios empregados. Todos tendem para esse fim... A vontade nunca faz o menor movimento que não seja em direção desse objetivo. É o motivo de todas as ações de todos os homens, até daqueles que vão se enforcar.”
            Para muitos estudiosos a pós modernidade é definida como a época das incertezas, das fragmentações, das desconstruções, da troca de valores. Ninguém sabe nada absolutamente, não existem padrões morais e religiosos absolutos, segundo os defensores da pós modernidade. Eles temem defender a razão como detentora da verdade absoluta, como era no iluminismo, mas ao mesmo tempo defendem o sentimento como detentor da verdade “subjetiva” que torna objetiva no dia a dia, criando uma cultura vazia e sem propósito existencial.
            Somos frutos de uma frustração intelectual, de pensadores que agora acham que a verdade é inatingível, e que viveremos continuamente em um mundo de incertezas, de dúvidas constantes, de angustia existencial, da busca do desconhecido e transcendente, do misticismo e oscilações morais.
            Por causa disso, vemos a igreja de Cristo muitas vezes influenciada e apaixonada pela cultura anti-Deus do mundo pós moderno. Uma igreja movida por incertezas teológicas, de padrões morais e familiares relativizados, descrente da suficiência das Escrituras. Crentes que professam com os lábios que creem na Escritura, mas na prática respira a pós modernidade. São filhos de Sem casados com filhas de Cam, que se misturaram tanto que perderam sua identidade (Gn 6. 1-5)!
       A consequência é clara como a luz do sol ao meio dia, crentes superficiais teologicamente, frios, apáticos a verdade e a santidade, amigos do mundo, do pecado, e das mentiras de Satanás, logo tornam-se inimigos da verdade absoluta de Deus, que é a Escritura (Jo 17.17)!  Pode parecer chocante e radical dizer isso, todavia isto deve ser chocante para quem vive na mentira espiritual e pode parecer radical para quem ama um mundo pós moderno.
            As igrejas estão cheias de crentes que vivem diametralmente distantes da santidade bíblica. São capazes de dirigir o louvor da igreja e maquinar no coração simultaneamente os detalhes da relação sexual que terá depois do culto com a namorada, outros chegam em casa ansiosos para ver pornografia na internet. Crentes que tomam a ceia e marcam um barzinho com cerveja depois do culto, como amigos e “irmãos” em Cristo! Qual o problema o jovem cristão participar de uma balada depois do culto? É melhor ele na igreja do que no mundo nos vícios! O que tem demais essas práticas, todo mundo faz? São alguns dos argumentos utilizados para legitimar o pecado!
            Muitos cristãos são espirituais na igreja, porém na faculdade participa de todo tipo de conversa indecente, de orgias sexuais. No trabalho são péssimos exemplos de conduta moral. Na rua se comportam como ímpios, agem com conformismo com a cultura imoral pós moderna.
            São membros de igrejas que apoiam todo tipo de imoralidade. Concordam com o casamento gay e acham um absurdo quem discorda, e declaram com todo a potência vocal: “Afinal Deus é amor, deixe eles serem felizes!”
            Convivem com o pecado sem nenhum tipo de peso, de culpa pela desobediência. O arrependimento é quase uma utopia nesses casos. A ideia de verdadeiro arrependimento é distante do verdadeiro ensinado nas Escrituras, que se revela em ações diferentes das cometidas anteriormente.
            Vemos jovens que são rebeldes aos pais, os tratam como se fossem animais. Crianças que ameaçam denunciar os pais para o juizado, caso estes pais use da vara para corrigi-los! São filhos que por não submeter a autoridade dos pais, não se submetem a autoridade do professor, da polícia, do governo e muito menos do pastor!
            A união da Igreja Moderna com a cultura atual tem gerado “crentes” que não conhecem o verdadeiro Evangelho da cruz!  Nunca teremos uma igreja que glorifique a Deus se não tivermos firmeza nas Escrituras, que é a verdade absoluta. A igreja precisa ser firme contra esses avanços culturais malignos e pecaminosos, promovidos pelos descendentes da Serpente. A nossa negligência bíblica tem permitido ao longo dos anos o estabelecimento de culturas, de filosofias completamente distantes das verdades absolutas de Deus reveladas nas Escrituras. A nossa falha em dominar o mundo para a glória de Deus, que cedeu espaço para os filhos de Cam estabelecerem uma cultura anticristã, mística, imoral, pragmática e amante das inverdades produzidas pelas mentes embrutecidas pelo pecado.
            Somente quando a igreja evangélica brasileira acordar para este fato e deixar o misticismo pós moderno, os relativismos teológicos, a tolerância em relação a heresia na igreja de Cristo, veremos o impacto da pregação fiel das Escrituras em nossa nação! Somente quando a igreja influenciar a cultura com teologia bíblica, teremos mudanças significativas em nosso tempo. Que cada um que ler este artigo sinta desafiado a glorificar a Deus através de uma cultura moldada pela verdade absoluta da Escritura! A Ele toda a Glória!

Reverendo Márcio Willian Chaveiro


segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

ATÉ QUE PONTO A LIBERDADE DE EXPRESSÃO CAMINHA DE MÃOS DADAS COM A DEMOCRACIA?



             O mundo mais uma vez ficou chocado com um ato terrorista promovido pelos extremistas islâmicos na quarta-feira do dia 07 de janeiro do corrente ano na capital francesa! O ataque foi na revista Charlie Hebdo, que é conhecia por suas charges agressivas ao islamismo desde 2011, a qual já sofria ameaças dos terroristas, mas decidiu continuar com sua “liberdade de expressão”![1]  Após o desfecho desse ato terrorista que vitimou 17 pessoas, um dirigente religioso da Al-Qaeda, afirmou que acontecerão outros ataques a França: “Não estarão em segurança enquanto combaterem Alá, seu mensageiro e seus fiéis...”[2] O que demonstra claramente que as charges foram grande motivadoras desse ato cruento, sendo interpretados como combate a fé islâmica!
            Não é novidade para o mundo que o Islã implanta sua religiosidade com a violência e  morte nos países dominados por essa religião. Eles consideram todos que não são islâmicos como sendo infiéis, e por isso defendem que matar os que se opõem a “sua fé” é agir como mártires de Alá! O interessante é que o Alcorão, livro sagrado dos mulçumanos, declara em suas “suras ou capítulos” sempre no início a seguinte frase: “Em nome de Deus, Clemente, o Misericordioso.”[3] Que Alá clemente e misericordioso é esse que envia seus fiéis para exterminar ou “convertaer” os “infiéis”? Alguém utilizou o argumento que não existe islâmico que seja pacifico verdadeiramente, porque nunca vimos no mundo nenhuma comunidade islâmica protestando contra os xiitas! Concordo com a coerência desse argumento! Todavia, não temos provas que seja isso verdade, fica apenas a incredulidade de que exista algum mulçumano que não deseje a morte dos infiéis e que apenas não tenha coragem de realizar o feito “heroico” que outros “fiéis” possuem!
            Naturalmente, Alá dos islâmicos nada tem a ver com o Deus gracioso do cristianismo! Embora, o Alcorão cite muitas passagens e personagens da Bíblia com uma estrutura literária confusa, ilógica entre os lugares que deveria seguir uma conexão, como disse Salomon Reinach: Do ponto de vista literário, o Alcorão é um pobre livro.[4] Mas o mundo ateísta une o deus do islamismo com o grande Eu Sou do cristianismo! Desde as derrubadas das torres gêmeas em Nova York em 2001 pelos terroristas, o ateísmo tem ganhado terreno na mente e nos corações das pessoas no mundo todo! Ao ponto de ter estatísticas de países como a Suécia com uma porcentagem de 85% de sua população assumidamente ateísta ou agnóstica, a França tem 54% de sua população![5] Toda religião é colocada no mesmo nível por eles, como fez o famoso ateu Richard Dawkins em seu livro “Deus um Delírio”, ao citar e parafrasear uma música de John Lenon:
Imagine, junto com John Lennon, um mundo sem religião. Imagine o mundo sem ataques suicidas, sem o 11/9, sem o 7/7 londrino, sem as Cruzadas, sem caça às bruxas, sem a Conspiração da Pólvora, sem a partição da índia, sem as guerras entre israelenses e palestinos, sem massacres sérvios/croatas/muçulmanos, sem a perseguição de judeus como "assassinos de Cristo", sem os "problemas" da Irlanda do Norte, sem "assassinatos em nome da honra", sem evangélicos televisivos de terno brilhante e cabelo bufante tirando dinheiro dos ingênuos ("Deus quer que você doe até doer"). Imagine o mundo sem o Talibã para explodir estátuas antigas, sem decapitações públicas de blasfemos, sem o açoite da pele feminina pelo crime de ter se mostrado em um centímetro. Aliás, meu colega Desmond Morris me informa que a magnífica canção de John Lennon às vezes é executada nos Estados Unidos com a frase "and no religion too" expurgada. Uma versão chegou à afronta de trocá-la por "and one religion too".[6]
            Os jornais no Brasil, creio que no mundo todo, afirmam que a mobilização na França com 4 milhões de pessoas protestando, é uma defesa da liberdade de expressão, ou democratização da expressão! A frase usualmente utilizada é bem representada por essa citação feita no site da Veja sobre esse ato terrorista: um ataque terrorista contra a liberdade de expressão, contra a sátira, contra a França, contra a civilização.[7] Eu concordo que a liberdade de expressão é a essência de uma democracia! Todo homem tem o direito de dizer o que pensa sobre tudo, concordando ou não. Todavia, a liberdade de expressão do outro termina quando a minha começa! O outro não tem liberdade de expressar toda a sua ironia, desrespeito a minha filosofia de vida, fé, religião, ideologia, com ridicularidades e provocações, cuja a intenção é simplesmente vender revistas! Porque digo isso? Qual benefício essas charges trouxeram para a humanidade em relação ao combate ao terrorismo? Ao contrário levou o terrorismo até a França! Se algum mulçumano fizesse uma charge do mesmo nível provocativo com algum elemento de valor moral e “religioso”, ainda que seja o “ateísmo”, que entendo ser uma religião do homem como defendia Augusto Comte, qual seria a reação? Certamente algum deles diria que não seria com terrorismo, e tenho certeza que não seria mesmo! Contudo, os islâmicos utilizam do terrorismo por fazer parte de suas crenças religiosas, obviamente não estou justificando o ataque! Mas a revista usou covardemente e desrepeitosamente ataques morais contra o islã e alguns casos contra o cristianismo, apesar que nenhum cristão verdadeiro vai cometer ato de terrorismo! Cada um utilizou das suas próprias armas, o problema é que o islã utiliza armas letais e os ateus e críticos aos religiosos usam a “caneta”! A diferença entre as duas armas é “letal”, todavia, existem similaridades na essência destrutiva e provocativa!
            O que é democracia? É o governo do povo através dos seus representantes eleitos (demos significa povo e kratos é governo).[8] Um governo democrático deve produzir leis e exerce-las para defender os interesses do povo, seja de religiosos ou não. Se um ato provoca discórdia, violência, ódio, preconceito religioso, como a criação dessas charges desde 2011 provocaram, pergunto se elas podem ser consideradas “inocentes exercícios da liberdade de expressão”? Como diz o ditado: contra fatos não existem argumentos! Essas charges provocaram mais violência em um mundo que vive aterrorizado com o crescimento político e militar do estado islâmico. Provocou mas não legitimou a violência, para que fique evidente e enfatizado que a proposta desse artigo é apenas para uma reflexão sobre até onde a liberdade de expressão pode caminhar de mãos dadas com a democracia e não como uma defesa do terrorismo ou islamismo!
            Concluo dizendo que repudio toda e qualquer ação violenta contra quem pensa diferente! Nada justifica esses atos violentos! Porém, é importante refletir sobre o fato pouco divulgado, que milhares de cristãos são mortos todos os anos em países de governo islâmico, e nunca existiu qualquer movimentação global para tentar impedir esses massacres! Todavia, os cristãos se sensibilizam com essas mortes na França e protestam de todas as formas contra esse ato covarde dos terroristas, orando também pelas famílias das vítimas! A liberdade de expressão dessa revista atacada abandonou  qualquer ideia de tolerância religiosa ou a democracia, provocando ainda mais o ódio dos “fiéis”!
            Somente o Deus verdadeiro exige dos seus fiéis que amem os seus inimigos e orem pelos que os perseguem (Mateus 43-48) e mostra qual deve ser a atitude cristã para com os inimigos (Romanos 12. 20-21): ...se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber;...Não te deixes vencer do mal, mas vença o mal com o bem. Por isso amo o verdadeiro e único Deus! A Ele toda a glória!
Reverendo Márcio Willian Chaveiro




[1] http://veja.abril.com.br/noticia/mundo/terror-islamico-deixa-ao-menos-12-mortos-em-paris
[2] http://infograficos.oglobo.globo.com/mundo/ataque-a-revista-deixa-mortos-em-paris.html
[3] O Alcorão, traduzido por Mansour Challita, Associação Cultural Internacional Gibran.
[4] O Alcorão, p. 10
[5] http://mundoestranho.abril.com.br/materia/qual-e-o-pais-com-mais-ateus-no-mundo
[6] DAWKIS, Richard, Deus um delírio, Editora Companhia das Letras, pp.18-19
[7] http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/consultorio/viva-a-charlie-hebdo-caricatura-charge-cartum/
[8] http://www.significados.com.br/democracia/