Foram seis dias de profunda manifestação de poder,
bondade, justiça, harmonia, paz, da parte de Deus. Ele fez tudo no seu devido lugar, cada
um com sua função específica dentro de uma harmonia perfeita! No sexto dia Deus
criou um ser pessoal, que deveria cuidar de toda a criação, como um
vice-gerente, dominando a criação de forma sábia e que glorificasse o Criador.
O texto bíblico afirma maravilhosamente que o Senhor criou o homem e a mulher a
sua imagem e semelhança. Ter sido criado a imagem e Semelhança de Elohim,
significa que o homem foi dotado de razão, vontade e emoções a semelhança do
Criador, em proporções infinitas. Todos estes recursos no homem deveriam
levá-lo a glorificar o Criador através da sua relação com o Cosmo.
Dentre
todos os seres criados, foi dado somente ao homem o privilégio de refletir a
justiça, moralidade, santidade, racionalidade, as emoções e vontades do Senhor.
O relacionamento do homem com a criação deveria promover uma cultura que
exaltasse Deus, que estivesse dentro de uma visão teocêntrica em todos os
níveis e esferas possíveis.
Este plano é narrado por Moisés nos
dois primeiros capítulos de Gênesis. Esse profeta narra como cosmo foi criado,
com o propósito de tirar do coração do povo de Israel recém libertado, o Egito
e tudo que o envolvia. Alguém disse que com o cajado, Moisés tirou o povo de
Israel do Egito, mas com Gênesis ele tirou o Egito do coração do povo!
Contudo,
o livro continua sua narrativa inspirada, dizendo que Satanás incorporado na
serpente (Gn. 3.1) conversa com Eva e a envolve no erro. Distorce o que Deus
havia dito, consequentemente Eva acredita na argumentação do inimigo. É
enganada e desobedece ao Senhor, tendo o consentimento de Adão, este que
deveria liderá-la. Ambos comem da arvore do conhecimento do bem e do mal e
sofrem as consequências de seus atos pecaminosos.
Seus olhos são abertos e percebem a
ilusão causada pelo engano do pecado. São expulsos do Éden e agora terão que
viver como escravos do pecado, com as consequências físicas, psíquicas e
principalmente espirituais, resultantes da Queda.
No capítulo 4, vemos as consequências
imediatas do pecado na família de Adão e Eva. Nascem dois irmãos: Caim e Abel.
O primeiro por inveja, ciúme, mata o seu irmão (4.1-7). Vemos depois que Adão
teve filhos e filhas, dentre eles um que se chamou Sete, do qual saiu uma
descendência que invocaria o Senhor (4.26).
Da descendência de Caim surgem alguns
que se destacam por sua impiedade e perversão. Essa descendência desenvolve uma
cultura que se contrapõe a vontade de Deus (4.17-24). O próprio Caim é o
inventor da urbanização, edificando cidades (Gn. 4.17); a poligamia surge com
um descendente dele, com Lameque (Gn. 4.19); Jabal, foi o criador da pecuária
(4.20); Jubal foi o criador dos instrumentos musicais (Gn. 4.21). Portanto,
vemos nesses textos que a cultura foi desenvolvida inicialmente pelos
descendentes de Caim e não através dos descendentes de Sete. É uma cultura com
grandes inventos, mas motivada por sentimentos impiedosos e pervertidos, logo,
é uma cultura anti Deus.
O
pecado desde o início guiou as motivações inventoras dos homens. Todo o
pressuposto dos descendentes de Caim partia de uma visão antropocêntrica! Seus
olhos foram impedidos de ver e reconhecer a glória de Deus revelada dos céus e
no firmamento, como declarou Davi no Salmo 19! Devido a cegueira causada pelo pecado,
usaram dos recursos dados por Deus, para constituir uma filosofia de vida
contrária à vontade soberana do Criador.
Adão foi criado para cuidar da
criação e desenvolver uma cultura que glorificasse de forma perfeita o Criador.
Todavia, com o pecado penetrando todo o seu ser, mudou tudo. Ele após a Queda.
Gerou pecadores, e Caim se torna o maior exemplo de rebeldia, impiedade,
distanciamento de Deus. É o descendente espiritual da Serpente (Gn. 3.15). Os
descendentes de Caim continuam nos mesmos erros e promovem uma cultura
anti-Deus!
O mundo desde a Queda sofreu muitas
mudanças culturais. O comum em todas essas transformações é a rebeldia aos
princípios e mandamentos da Palavra de Deus. Desenvolveram uma cultura distante
do Senhor em todos os aspectos. Podemos ver isso quando a humanidade constrói a
Torre de Babel na intenção de ter os nomes conhecidos no mundo antigo (Gn.
11.1-9). Esse acontecimento é logo após o Dilúvio, os descendentes de Cam,
motivados por Ninrode, procuram globalizar o mundo da época em torno do poder
humano. A Torre de Babel prova que mesmo após o juízo do Senhor sobre a
humanidade através do Dilúvio, o homem continua distante do Senhor e promove
cultura anti-Deus. O filho amaldiçoado de Noé, Cam é o representante legal dos
descendentes da serpente, assim como foram os descendentes de Caim,
pré-diluvianos. O Senhor desce (figuradamente) e destrói esta Torre e confunde
as línguas para refrear o mal, porque a facilidade na comunicação em uma
cultura que se propõe ser globalizada expande rapidamente a rebeldia ao
Criador. Portanto, a destruição da Torre de Babel e o surgimento de línguas foi
um ato gracioso de Elohim sobre a humanidade caída.
Dentre tantas mudanças culturais,
rebeldias, das civilizações contra Deus, nascidas a partir da Queda do homem,
vivemos no século XXI, que é conhecida como pós modernidade. Culturalmente,
este pensamento enfatiza o prazer, o sentimento, o relativismo, o pragmatismo, e
todos os “ismos” possíveis. É essencialmente defensora da quebra de paradigmas,
de absolutos, de dogmas, logo, contra o verdadeiro cristianismo!
Vivemos em um mundo globalizado,
relativizado socialmente, culturalmente e religiosamente, sendo amante do
pragmatismo (deu certo então é verdadeiro). Um mundo que ainda colhe a
frustração do pensamento iluminista que sofreu um grande golpe após as duas
guerras mundiais, proporcionando um desmoronamento da razão humana como juiz da
verdade. Em lugar da razão, a pós modernidade colocou o coração como centro! Os
iluministas pensavam que o homem com sua razão poderia causar uma eterna
harmonia na humanidade, que solucionaria todos os problemas sociais e
culturais, ao ponto de Nietzsche dizer que Deus estava morto! Vieram as guerras
e demonstrou o contrário, que a razão humana é má, maligna, perversa, tendo
como um grande símbolo disto, Adolfer Hitler!
A pós modernidade é consequência desta
frustração do iluminismo. Essa posição cultural acredita no sobrenatural
exageradamente, no subjetivismo, no místico, no sentimento, no prazer
individual. O alvo principal do pensamento pós-moderno é tornar o homem feliz,
de qualquer forma, custe o que custar! Não importa o que a sociedade pense, o
importante é você sentir-se feliz consigo mesmo! É a cultura do egoísmo, do
culto à personalidade! Por isso você encontra livros e auto-ajuda em todas as
livrarias, ensinando como ser feliz! As novelas, filmes, propagandas, internet,
investem pesado em entretenimento, para satisfazer o “ego” do homem
pós-moderno, que necessita de prazer e felicidade imediatos! Como disse o
grande matemático Blaise Pascal: “Todos os homens
procuram ser felizes. Isso não tem exceção, por mais diferentes que sejam os
meios empregados. Todos tendem para esse fim... A vontade nunca faz o menor
movimento que não seja em direção desse objetivo. É o motivo de todas as ações
de todos os homens, até daqueles que vão se enforcar.”
Para muitos estudiosos a pós modernidade
é definida como a época das incertezas, das fragmentações, das desconstruções,
da troca de valores. Ninguém sabe nada absolutamente, não existem padrões
morais e religiosos absolutos, segundo os defensores da pós modernidade. Eles
temem defender a razão como detentora da verdade absoluta, como era no
iluminismo, mas ao mesmo tempo defendem o sentimento como detentor da verdade
“subjetiva” que torna objetiva no dia a dia, criando uma cultura vazia e sem
propósito existencial.
Somos frutos de uma frustração
intelectual, de pensadores que agora acham que a verdade é inatingível, e que
viveremos continuamente em um mundo de incertezas, de dúvidas constantes, de
angustia existencial, da busca do desconhecido e transcendente, do misticismo e
oscilações morais.
Por causa disso, vemos a igreja de
Cristo muitas vezes influenciada e apaixonada pela cultura anti-Deus do mundo
pós moderno. Uma igreja movida por incertezas teológicas, de padrões morais e
familiares relativizados, descrente da suficiência das Escrituras. Crentes que
professam com os lábios que creem na Escritura, mas na prática respira a pós modernidade.
São filhos de Sem casados com filhas de Cam, que se misturaram tanto que
perderam sua identidade (Gn 6. 1-5)!
A consequência é clara como a luz do
sol ao meio dia, crentes superficiais teologicamente, frios, apáticos a verdade
e a santidade, amigos do mundo, do pecado, e das mentiras de Satanás, logo
tornam-se inimigos da verdade absoluta de Deus, que é a Escritura (Jo 17.17)! Pode parecer chocante e radical dizer isso,
todavia isto deve ser chocante para quem vive na mentira espiritual e pode
parecer radical para quem ama um mundo pós moderno.
As igrejas estão cheias de crentes que vivem diametralmente distantes da santidade bíblica. São capazes
de dirigir o louvor da igreja e maquinar no coração simultaneamente os detalhes
da relação sexual que terá depois do culto com a namorada, outros chegam em
casa ansiosos para ver pornografia na internet. Crentes que tomam a ceia e
marcam um barzinho com cerveja depois do culto, como amigos e “irmãos” em
Cristo! Qual o problema o jovem cristão participar de uma balada depois do
culto? É melhor ele na igreja do que no mundo nos vícios! O que tem demais
essas práticas, todo mundo faz? São alguns dos argumentos utilizados para
legitimar o pecado!
Muitos cristãos são espirituais na
igreja, porém na faculdade participa de todo tipo de conversa indecente, de
orgias sexuais. No trabalho são péssimos exemplos de conduta moral. Na rua se
comportam como ímpios, agem com conformismo com a cultura imoral pós moderna.
São membros de igrejas que apoiam todo
tipo de imoralidade. Concordam com o casamento gay e acham um absurdo quem
discorda, e declaram com todo a potência vocal: “Afinal Deus é amor, deixe eles serem felizes!”
Convivem com o pecado sem nenhum tipo
de peso, de culpa pela desobediência. O arrependimento é quase uma utopia
nesses casos. A ideia de verdadeiro arrependimento é distante do verdadeiro
ensinado nas Escrituras, que se revela em ações diferentes das cometidas
anteriormente.
Vemos jovens que são rebeldes aos
pais, os tratam como se fossem animais. Crianças que ameaçam denunciar os pais
para o juizado, caso estes pais use da vara para corrigi-los! São filhos que
por não submeter a autoridade dos pais, não se submetem a autoridade do
professor, da polícia, do governo e muito menos do pastor!
A união da Igreja Moderna com a
cultura atual tem gerado “crentes” que não conhecem o verdadeiro Evangelho da
cruz! Nunca teremos uma
igreja que glorifique a Deus se não tivermos firmeza nas Escrituras, que é a
verdade absoluta. A igreja precisa ser firme contra esses avanços culturais
malignos e pecaminosos, promovidos pelos descendentes da Serpente. A nossa
negligência bíblica tem permitido ao longo dos anos o estabelecimento de
culturas, de filosofias completamente distantes das verdades absolutas de Deus
reveladas nas Escrituras. A nossa falha em dominar o mundo para a glória de
Deus, que cedeu espaço para os filhos de Cam estabelecerem uma cultura anticristã,
mística, imoral, pragmática e amante das inverdades produzidas pelas mentes
embrutecidas pelo pecado.
Somente quando a igreja evangélica brasileira acordar para
este fato e deixar o misticismo pós moderno, os relativismos teológicos, a
tolerância em relação a heresia na igreja de Cristo, veremos o impacto da
pregação fiel das Escrituras em nossa nação! Somente quando a igreja
influenciar a cultura com teologia bíblica, teremos mudanças significativas em
nosso tempo. Que cada um que ler este artigo sinta desafiado a glorificar a
Deus através de uma cultura moldada pela verdade absoluta da Escritura! A Ele
toda a Glória!
Reverendo Márcio Willian Chaveiro
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