terça-feira, 27 de janeiro de 2015

O HOMEM E OS EFEITOS DO PECADO

           
               Podemos definir o homem de forma correta? Muitos filósofos tentaram isto e fracassaram, a ciência evolucionista tenta definir como fruto de um processo evolutivo que duraram milhões de anos e que continua em evolução. O movimento homossexual se baseia nesse pensamento que o homem moderno evoluiu e por isso a homossexualidade é um novo gênero da espécie humana.  Por outro lado, muitas seitas religiosas definem o homem como sendo uma sucessiva encarnação de vidas passadas. A pós-modernidade afirma que o homem ao nascer é uma tabua rasa ou uma folha em branco ao nascer, que ao ter contato com realidade recebe impressões em seu ser e se torna o que a realidade que ele tem contato o faz ser. Logo, temos que mudar a realidade e não o homem! Mas qual o conceito correto sobre o homem?
            Estudar o homem a partir do próprio homem produz conceitos errados sobre ele. O que temos na psicologia, filosofia, sociologia e outras ciências são estudos rasos por proceder de concepções puramente humanas. Todavia, quando o homem é estudado a partir da revelação dada pelo seu Criador, os conceitos tornam-se concretos e realistas. Só é possível conhecer o homem a partir da Escritura, como base absoluta de revelação e porto seguro de conhecimento.
          Nenhuma ciência citada acima considera a existência do pecado no homem. A Queda do homem do seu estado de perfeição no Jardim no Éden é tido como mito, lenda, por essas áreas de conhecimento. Essa incredulidade com relação a Queda e seus efeitos no homem e no mundo, atrasou todas as áreas de conhecimento humano. Acham muito mais plausível crer que o homem é uma evolução do macaco ou de uma ameba, do que ter sido criado a imagem de Deus!
  1. O HOMEM FOI CRIADO A IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS
            O que significa dizer que o homem foi criado a imagem e semelhança de Deus, conforme Gênesis 1.27? Para entendermos, é preciso seguir a lógica do texto bíblico no seu contexto:
a)      Deus criou o mundo em seis dias e no sétimo dia descansou. Significa que tudo foi criado em seis dias e a partir daí o Senhor não cria mais nada. A partir da criação concluída o SENHOR governa providencialmente[1] todas as coisas, administrando-as para sua glória. Ao terminar sua obra criadora Ele diz que tudo era muito bom (cf. Gn. 1.31; 2.1-2)! Exatamente como Ele planejou criar!
b)      O homem e a mulher foram criados no sexto dia, ou seja, no último dia do ato criador de Deus (Gn. 1.24-31). De toda a criação, somente o homem e a mulher foram criados a imagem e semelhança de Deus.
Vou explicar os termos “imagem e semelhança” aqui usados:
·         Primeiro, “imagem e semelhança” significam a mesma verdade, são ênfases de um mesmo aspecto.
·         Segundo, Deus não tem forma física ou matéria, é Espírito Puríssimo, não tem partes, não tem corpo, não tem matéria, não tem aparência, logo, o homem e a mulher não foram criados a imagem física de Deus, porque Ele não tem matéria ou corpo.
·         Terceiro, a imagem de Deus no homem diz respeito a outros aspectos, tais como: razão, vontade, emoções, moral, justiça, retidão,... que o homem tinha de forma limitada a semelhança da forma ilimitada encontrada em Deus.
c)      O homem foi criado para manifestar a sabedoria e bondade de Deus na terra. Deveria cuidar do Éden como um gerente da criação, dominando a terra com sabedoria, desenvolvendo uma cultura que glorificasse o SENHOR; sociedade perfeita como resultado de uma relação harmoniosa com o seu Criador (Gn. 1.26,28; 2.1-2); no sétimo dia deveria parar toda as suas atividades e prestar culto coletivo ao SENHOR, é um relacionamento espiritual. Essas são formas do homem relacionar com o Senhor de acordo com a aliança. Portanto, o homem deveria revelar a glória de Deus nas suas relações com o semelhante, com a natureza e principalmente como seu Criador.
  1.  A QUEDA DO HOMEM E SEUS EFEITOS
            O capítulo três de Gênesis registra a Queda da humanidade, através do nosso representante, Adão. O nome “Adão”, significa humanidade e Deus o colocou como representante legal dos homens. O que ele fez representava todos, tendo caído em pecado, toda a humanidade caiu. Todos nós estávamos representados em Adão. Podemos constatar que por natureza somos iguais a Adão e por genética nascemos inimigos de Deus, em toda parte do mundo e em todas as épocas, o homem sempre cometeu os mesmos pecados. Logo, nascemos a partir de Adão com a culpa (porque ele nos representava) e por natureza nascemos pecadores. Porque pecador com pecador gera pecador: seus pais eram pecadores e os pais deles também e assim por diante até chegar em Adão.  
Resumindo fica assim:                
Adão
Todos os homens a partir da Queda de Adão nascem corrompidos pelo pecado em todo o seu ser e recebem os efeitos da Queda. Sua mente, vontade, emoções, moral, justiça, retidão, corpo... tudo foi afetado completamente pelo pecado (Rm 3. 9-18)
Todos após a Queda nascem espiritualmente mortos, escravos da carne, do mundo e do Diabo, inimigos de Deus por natureza (Ef 2. 1-10)
            
Vejamos alguns aspectos desta Queda:
Ø  Homem era perfeito e se relacionava com o Criador de forma correta (Gen. 1.31)
Ø  A ordem foi dada por Deus para que não comesse da arvore do conhecimento do bem e do mal, tendo como penalidade a morte. Esta morte tem 4 aspectos: morte física; morte espiritual; morte judicial e morte eterna (Gn. 2. 16-17)
Ø  Esta morte trouxe consequências para toda a humanidade: multiplicação das dores de parto na mulher (3.16); guerra entre os sexos, “...ele te governará.” (3.16); A terra é amaldiçoada por causa do homem (3.17); O sustento é tirado com grande dificuldade da terra (3.17-18); O homem vai trabalhar duramente até a morte (3.19); O homem foi expulso do paraíso e tornou-se peregrino em direção ao paraíso restaurado.
Paulo diz que (Rm. 5.12): Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. A morte entrou pelo primeiro Adão, mas a vida eterna entrou pelo segundo Adão, Cristo, o representante dos eleitos na cruz.
Em Cristo somos representados na cruz, pois Ele carregou sobre si a nossa culpa e pecados (Is 53). Ao morrer na cruz, a dívida foi paga e agora temos a vida eterna. Somos libertados da culpa do pecado, porque Cristo nos representou na cruz pagando a nossa dívida; não somos mais pecadores condenados ao inferno por nascimento ou natureza, porque em Cristo fomos feitas novas criaturas, através da regeneração[2] operada pelo Espírito Santo.
  1. O QUE É PECADO?
      Existem muitos conceitos errados com relação ao pecado. Para entendermos o que é pecado, precisamos voltar os nossos olhos para o padrão que determina o certo e o errado, que é a Escritura.
      O nosso tempo pós-moderno relativizou o pecado e o erro. Pense nesse raciocino:  décadas atrás o adultério era crime e a separação proibida, hoje ambos são permitidos e profundamente aceitos pelos padrões da sociedade. Outro exemplo é a homossexualidade. Tempos passados era tido como doença psíquica, depois tornou-se opção sexual, agora é evolução da espécie humana, um novo gênero. O que nos impede de acreditar que daqui uns anos a pedofilia deixará de ser uma doença, para ser uma opção sexual na visão da sociedade? Em 2011 um homem de 18 anos foi preso por beijar uma garota de 13 anos na praça, mesmo com o consentimento dela. Na mesma época o jogador Neymar Jr., na época era jogador dos Santos, com 18 anos, engravidou uma menina de 17 anos, e a mídia e sociedade aplaudiram e todos queriam saber quem era essa garota “sortuda”![3] Nos dois casos não é pedofilia? São dois pesos e duas medidas que a sociedade usa, prende um e aplaude outro!
O que quero demonstrar com estes fatos é que o padrão moral da sociedade muda, com isso o que é errado hoje, amanhã não é mais. Todavia, o padrão de Deus é perfeito, não muda e julga o que é certo e o que é errado. Pecado é desobedecer o padrão de Deus, errar o alvo. Qual é o alvo do homem? Obedecer a Deus. O apóstolo João define o pecado (1 João 3.4): Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei.
            Pecado é deixar de se conformar à lei moral e santa de Deus, seja em ato, seja em atitude, seja em natureza. Não podemos guiar a nossa justiça, padrão moral e espiritual pelos padrões sociais. Temos que nos orientar pela Palavra de Deus, que não muda e revela a justiça e santidade do Senhor. As Escrituras julgam o nosso procedimento e também os nossos pensamentos e sentimentos. Pecamos contra Deus com pensamentos, sentimentos e ações. A sociedade só avalia ações, e isto de forma bem precária. Mas o Senhor examina os corações, nada passa despercebido dos seus olhos. Portanto, ser servo de Cristo é guerrear constantemente contra o nosso “eu”!  A sociedade massageia o seu “ego”, a Bíblia destrói o “ego” para que seja achado somente Cristo no seu ser!
CONSIDERAÇÕES FINAIS
            Não podemos definir o que é errado ou certo pelo que o nosso tempo diz que é. O homem procura distorcer a verdade para acomodar suas práticas erradas. Na verdade a consciência humana acusa e defende, de forma que os homens sabem o que é certo e o que é errado, mas tentam fugir dessa verdade (Rm. 2.15). Somente quando o Espírito Santo regenera, é que realmente entendemos a luz da Bíblia o que é pecado, o que é certo e errado.
            Terminarei com a declaração da Confissão de Westminster[4] sobre o pecado:
Todo o pecado, tanto o original como o atual, sendo transgressão da justa lei de Deus e a ela contrária, torna, pela sua própria natureza, culpado o pecador e por essa culpa está ele está sujeito à ira de Deus e à maldição da lei e, portanto, exposto à morte, com todas as misérias espirituais, temporais e eternas.[5]

Reverendo Márcio Willian Chaveiro 



[1] Providência significa o governo soberano de Deus sobre tudo que foi criado.
[2] Nascer de novo, ter uma nova natureza
[3] Fonte da Notícia: http://www.portalrg.com.br/noticia/neymar-engravida-adolescente-mas-quer-fazer-teste-de-dna-69534.html
[4] Confissão de Fé de Westminster – capitulo VI – seção VI
[5] I João 3.4; Rom. 2.15; Rom. 3.9, 19; Ef. 2.3; Gal. 3.10; Rom. 6.23; Ef. 6.18; Lm, 3.39; Mat. 25.41; II Tess. 1.9

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