Sempre
gostei de assistir filmes e tirar deles lições para minha vida. São frases,
cenas, histórias e estórias, que podem ilustrar muitas realidades vividas na
fé. Além disso, gosto muito de observar a ideologia do filme e retirar dessa
observação aprendizados de coisas boas e ruins.
Em
2008 foi lançado no cinema o filme Wall-E, dirigido pelo diretor Andrew Stanton[1]. Nesse filme é mostrado uma humanidade vivendo
em uma nave no espaço em 2805, por terem abandonado a terra há 700 anos, devido
a impossibilidade de continuar vivendo nela, em razão dos gases e poluentes. A
terra naquela ocasião tornara um deposito de lixo e totalmente inóspita para a
humanidade. É nesse deposito que vivia o simpático robô “Wall-E” que
desempenhava bem o seu papel de organizar a bagunça causada pelo lixo trazido
por naves dos humanos. Em um certo momento, o robozinho Wall-E se apaixona pela
robô Eva e movido pelo “amor” consegue entrar na nave dos humanos para seguir
sua amada. Na nave, o diretor Andrew Stanton retrata bem a situação dos
tripulantes que nasceram e cresceram dentro de uma nave: todos obesos, sentados
diariamente em uma cadeira, não sabem andar, a sensação de tocar o outro, o
prazer de sentir a terra em seus pés e mãos, respirar um ar puro e não
artificial, absolutamente interligados pela tecnologia, mas completamente
afastados um dos outros fisicamente, completamente distantes existencialmente
uns dos outros!
O
que o filme retrata é a nossa realidade e relação com a tecnologia. Ela é muito
importante e preciosa para nossa vida no século XXI! As crianças antes de
aprender a andar já sabem manusear um celular de alta tecnologia! Os idosos
acessam internet, utilizam celulares com o melhor processador possível, com
dois ou mais nano chips! Hoje ficar sem a tecnologia é impensável e pode até
causar “depressão”!
A tecnologia facilita a nossa vida diária em
muitos aspectos e de muitas maneiras. Contudo, ela nos influencia a ser
impacientes, imediatistas e materialistas! A facilidade que temos a nossa
disposição nos acostuma a ter tudo muito rápido e fácil, refletindo
naturalmente nas emoções e nas relações sociais. A ansiedade é uma epidemia
mundial, produzido por essa ânsia de ver tudo ocorrendo rapidamente, e o
contato social, o diálogo, tem sido cada vez mais prejudicado.
O
contato social é progressivamente transformado pelas redes sociais, como face
bock, watsApp, distanciando fisicamente as pessoas. Dentro das casas, os
cônjuges se comunicam por watsApp, mesmo estando um do lado do outro! A maioria das pessoas andam pelas ruas de
cabeça baixa enviando mensagens e sendo impedidas por esses aplicativos de “enxergar
o outro”! É substituído o contato físico e a conversa face a face, pelo contato
virtual, como bem retratou o filme de Andrew Stanton!
Lembro-me
quando era criança, na década de 80 e começo da década de 90, que minha mãe avó
me levava as vezes para a fazenda que moravam parentes próximos dela. Era uma
casa muito simples, construída com galhos de arvores que é conhecido em Goiás como
“casa de pau a pique”[2],
colchões preenchidos com palha de milho, o local sem energia, iluminado pela
luz de lamparina! Algo impensável hoje! No final do dia, a única coisa que
podia ser feito era conversar a beira do fogão a lenha sobre “assombrações”, a
conversa predileta na roça! O que causava medo para dormir depois em todos nós,
porque podíamos ver o quintal pelas brechas da casa! Mas, apesar de toda a
simplicidade daqueles momentos e circunstâncias, existia alegria, porque tinha
dialogo, conversas entre parentes e amigos face a face! A televisão iniciou
essa separação nos lares e a internet com o computador e celulares, tem
consumado essa separação social!
Reverendo Márcio Willian Chaveiro
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