A Teologia da Prosperidade ganhou força nos últimos anos. Na
década de 90 não influenciava tanto, mas com o crescimento da Igreja Universal e da Igreja Internacional da Graça, liderada pelos cunhados Edir Macedo e R. R. Soares, essa teologia ganhou
grande força. Principalmente por meio da TV, que no caso da Universal, uma
emissora foi comprada, sendo grandemente usada para propagar seus ensinos. O
missionário R.R. Soares não ficou atrás, logo, adquiriu uma emissora de menor
expressão, mas útil para divulgar o “Show da Fé”! Outros surgiram aos montes
nessa escola de Edir Macedo e R. R. Soares, como Estevam Hernandes, Sônia Hernandes, e o famoso Valdemiro Santiago, líder da igreja Mundial do Poder de Deus. Esse
último serviu a Igreja Universal por 20 anos, teve uma desavença com a
liderança, arrastou muitos fiéis da igreja Universal e montou sua própria
igreja. Hoje ele tem mais de 5 mil templos no Brasil, e estima-se que sua
fortuna chegue a 220 milhões de reais.[1]
A teologia da Prosperidade veio dos EUA, como a maioria das heresias, vem todas de lá. No Brasil ela começou a ser implantada na década de 80. O
fundador comumente aceito para a Teologia da Prosperidade é Kenneth Hagin. Ele foi o mentor de pastores brasileiros como: Renê Terra Nova, R.R. Soares. André
Valadão, Valnice Milhomens Valdemiro Santiago e outros.[2]
Contudo, Dr. Alderi Souza de Matos ao escrever um artigo para a Revista
Ultimato afirma que o fundador da Teologia da Prosperidade foi um pregador
Metodista americano chamado Essek Willian Kenyon (1867-1948), e que Hagin na
realidade o plagiou, algo que foi descoberto posteriormente. Na realidade,
segundo este artigo, Kenneth Hagin foi o divulgador da Teologia da
Prosperidade, mas o mentor e originador deste movimento teria sido Kenyon. O
último entendia que o mundo espiritual tem poder sobre o mundo material, e que
devemos usar os recursos da mente para ativar esses poderes inatos no homem.[3]
Em 1993 o pastor assembleiano Paulo Romeiro e
também presidente, na época, da ICP (instituto cristão de pesquisa), publicou
um polêmico livro combatendo as heresias defendidas pela Teologia da
Prosperidade ou Confissão Positiva, chamado de “Super Crentes”. Nesse livro ele
diz:
Para satisfação de alguns e
espanto da maioria, o movimento da “confissão positiva” tem se alastrado na
comunidade evangélica brasileira nos últimos anos. Conhecido popularmente como
a “teologia da prosperidade”, esta corrente doutrinária ensina que qualquer
sofrimento do cristão indica falta de fé. Assim, a marca do cristão cheio de fé
e bem-sucedido é a plena saúde física, emocional e espiritual, além da
prosperidade material. Pobreza e doença são resultados visíveis do fracasso do
cristão que vive em pecado ou que possui fé insuficiente.
Outros ensinos pouco ortodoxos caracterizam a confissão positiva,
conhecida também como “evangelho da saúde e da prosperidade”, “palavra da fé”
ou ainda como “movimento da fé”. Seus líderes apregoam que os humanos possuem a
natureza divina, que consultar médicos ou tomar remédios é pouco recomendável
para o cristão, que Jesus foi milionário e que a soberania de Deus é limitada
pela vontade humana.
A confissão positiva tem causado muita controvérsia e deixado um rastro
de tragédias, desapontamentos e confusão em muitas igrejas de diferentes
denominações. Para surpresa de muitos, as igrejas evangélicas tradicionais
estão entre as mais vulneráveis a este movimento.[4]
Podemos observar que no início da década de 90 já
era danoso para a igreja a teologia da prosperidade, imagine agora mais de 20
anos depois! A igreja vive uma descaracterização teológica tão séria e tão
profunda, que ser bíblico hoje é ser visto como um ignorante e sem fé no meio
gospel! Paulo Romeiro faz uma boa ligação dos conceitos da Teologia da
Prosperidade com o gnosticismo:
A Confissão Positiva tem suas origens numa antiga heresia conhecida como
gnosticismo. Esta palavra vem do vocábulo grego gnosis, que significa
“conhecimento”. Tal heresia data do primeiro e segundo séculos da era cristã e
ensinava que havia uma verdade especial, mais elevada, acessível somente aos
iluminados por Deus. Os gnósticos acreditavam que na natureza humana há o
princípio do dualismo, isto é, que o espírito e o corpo – duas entidades separadas
– são postos. Para eles, o pecado habitava somente na carne, tornando-a totalmente
má. O corpo podia fazer tudo o que lhe agradasse, vivendo nos prazeres da
carne. O espírito era totalmente bom. Assim, alguém poderia ter uma vida impura
fisicamente e ao mesmo tempo ser espiritualmente puro.[5]
Nenhuma heresia é totalmente nova, todas se repetem
na história com rostos diferentes! Esse novo “gnosticismo” se vestiu de roupas pós-modernas, feita de
materialismo, ganancia, egocentrismo, subjetividade, próprias da nossa época.
Uniu o seu passado herético e adequou aos “avanços” culturais de hoje!
Ainda citando Pr. Paulo Romeiro, tive a
oportunidade de ouvi-lo em Goiânia, quando lançou o seu segundo livro sobre
essa mesma temática do anterior, no ano de 1998, quando ele afirmou que a
igreja evangélica passava por três
crises: 1- Doutrinária; 2 – Ética; 3 – Moral. Essa crise só aumentou nos
últimos anos! Ele fala nesse último livro a dimensão da crise no meu
evangélico, lembrando que foi escrito na década de 90:
Há evangélicos que enviam seus dízimos para a LBV (Legião da Boa
Vontade), pensando tratar-se de uma organização evangélica. A LBV é uma seita
espírita.
Pastores evangélicos usam as revistas Despertai! E a Sentinela das
Testemunhas de Jeová para ministrar à Escola Dominical. Outros já usaram a
revista Acendedor, da Seicho-No-Iê.[6]
Quando a igreja se afasta da Palavra de Deus
fica vulnerável a todo tipo de distorção da verdade. É como um computador que é
usado para acessar internet o tempo todo, e não ter nenhum tipo de antivírus, o
que vai acontecer? Terá que ser formatado o mais rápido possível devido a
quantidade enorme de vírus que com o tempo penetrará no seu sistema. Com
antivírus já é difícil manter o computador livre, imagine sem? De igual forma,
guardadas as devidas proporções, a igreja com Bíblia já é difícil mantê-la fiel
na sua teologia e pratica, imagine quando ela vive sem a Bíblia no seu dia a
dia? A igreja evangélica brasileira, com raríssimas exceções, está sem
antivírus da fé! Esse é o principal fator da Teologia da Prosperidade dominar a
alma evangélica brasileira!
Reverendo Márcio Willian Chaveiro
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