terça-feira, 3 de junho de 2014

OS INCONFORMADOS QUE MUDEM O MUNDO!


                       A frase: "Os inconformados que mudem o mundo”, vi na Universidade Claretiano em Rio Claro-SP enquanto andava pelos seus corredores. Essa mudança na frase foi muito feliz em seu sentido proposto! O socialista Marx fez uma crítica aos filósofos que buscavam apenas filosofar sem se preocuparem com a práxis (prática) filosófica (MARX, 1999, p.11): Os filósofos até o presente momento, souberam interpretar o mundo, cabe agora transforma-lo.[1] Os filósofos, ao contrário que pensava Marx, não souberam até hoje interpretar o mundo, embora se esforcem bastante, criando de tempos em tempos bases de interpretação, que tem se mostrado alicerces construídos sobre a areia e não sobre a rocha (Mt 7. 24-27). Ouso utilizar a crítica de Marx aos filósofos para transforma-la em uma crítica aos teólogos reformados, os quais admiro e aprendo constantemente, que ficaria assim: Os teólogos reformados até o presente momento, souberam interpretar o mundo, cabe agora transforma-lo pela pregação do Evangelho no poder do Espírito Santo! Na história da teologia tivemos teólogos reformados e pregadores como João Calvino, John Knox, George Withifield, Charles Spurgeon e outros, que impactaram seu tempo com o Evangelho. Todavia, depois do surgimento do liberalismo clássico no século XIX, nunca mais a teologia reformada se recuperou totalmente no que diz respeito ao seu fogo, paixão pela verdade, que tanto caracterizou aqueles teólogos e pregadores, além da excelente condição acadêmica que tinham.
       Sem dúvida a igreja precisa de um fundamento sólido biblicamente, dogmático, ortodoxo, mas da mesma forma precisa ser prático, contextualizado aos novos desafios, sem contudo, perder sua identidade teológica. Na igreja, como no mundo, existem boas e más tradições, como também existe uma tradição que é cega e cegadora e outra, que é sábia e esclarecedora, e precisamos saber discernir entre as duas.
        O escritor J. I. Parker escrevendo sobre: O Conforto do Conservadorismo, nos ajuda ao apontar os dois tipos de conservadorismo existentes, um criativo e outro cego. O conservadorismo criativo luta para preservar algo que é visto na herança cultural como de real valor. É uma decisão de nadar contra a correnteza do modernismo cultural e guardar o que é certo. Já o conservadorismo cego que também é chamado de “conservadorismo carnal”. Esse é caracterizado pela cegueira, teimosia, apego ao que é velho e convencional, simplesmente por que é velho e convencional. Os dois conservadorismo existem, diz Packer, o primeiro é digno de honra, o segundo é patético.
            No século XXI a igreja é pressionada a aderir ao pragmatismo, a tolerância dos intolerantes, o politicamente correto, a desconstrução de tudo que é fixo, seja família, igreja, educação, moral ou ética. Como podemos impactar um mundo como o nosso cheio de incertezas, de incógnitas? Creio que o caminho que não devemos trilhar é o das incertezas e relativização dos valores que a pós-modernidade nos pressiona a aderir. Entendo, que precisamos ser conservadores criativos, como Parker esclareceu, não conservadores teimosos, apegados ao que é velho e convencional só porque achamos que o que é velho é bom! Mas por outro lado, temos que ser ortodoxos, inflexíveis, dogmáticos com relação aos ensinos das Escrituras, aos bons princípios, a boa tradição de nossos pais. Como discernir o que é bom e o que deve ser mantido e o que não deve ser mantido por teimosia? Creio que a única forma segura é a Escritura! Não é o gosto pessoal de uma pessoa ou grupo, a não ser que as preferencias individuais ou coletivas, estejam alinhados com a Palavra de Deus. Acredito que nenhum ortodoxo, reformado em sã consciência discordará deste raciocínio, por causa da fonte última de autoridade que sustento meu raciocínio, a Bíblia!
            Precisamos lutar para glorificar a Deus através da pregação fiel da Escritura. Não podemos apenas nos incomodar com a Teologia da Prosperidade e todas as aberrações teológicas que a acompanham! Não podemos apenas achar absurdo as macaquices nos púlpitos evangélicos! Não podemos simplesmente dizer que o misticismo e paganismo no meio evangélico é pior em muitos aspectos do que a Igreja Católica na Idade Média! Precisamos orar, buscar, clamar a Deus e anunciar com poder do Espírito Santo a verdade que transforma o pecador! Que pode impactar nosso país e o mundo! Ainda que não vejamos um avivamento antes do Dia do Senhor, temos que viver como inconformados com a triste realidade que vivemos!
Temos que derramar lágrimas como o profeta Jeremias derramou por Jerusalém após ser saqueada pela Babilônia, por causa da desobediência a aliança do Senhor (Lm 1. 16): Por estas cousas, choro eu; os meus olhos, os meus olhos se desfazem em águas; porque se afastou de mim o consolador que devia restaurar as minhas forças; os meus filhos estão desolados, porque prevaleceu o inimigo. Colhemos maldições na igreja evangélica porque os falsos pastores têm desviado o povo, a heresia tem aumentado progressivamente, e o Evangelho tem sido zombado! Existem verdadeiros crentes equivocados, em várias dessas igrejas que se desviaram da verdade, são crentes que ainda vivem nas ruínas de Jerusalém, outros estão no cativeiro da Babilônia! Porque? Porque a igreja escolheu a maldição, ao invés da benção, a morte ao invés da vida, decorrente da desobediência a aliança do Senhor (Dt 30.19)! Necessitamos chorar como Jeremias pelo povo de Deus escravizado e humilhado pelos inimigos da cruz. O pior de tudo é que esse povo, na sua maioria, tem achado que não vivem no cativeiro, que não tem sido humilhados pelos inimigos do Evangelho que pregam para eles todas as semanas! Paulo alertou Timóteo sobre esses homens (2 Tm 3. 13): Mas os homens e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados. O apostolo Pedro falou de forma semelhante (2 Pe 2. 1-3): Assim como, no meio do povo, surgiram falsos mestres, os quais também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme.
Você ao ler esse último texto bíblico pensou em alguns pregadores populares, não pensou? Eles cumprem essa profecia de Pedro, mas não estão só, existe uma fábrica do Diabo para produzir em série esse tipo de pregadores das trevas! Paulo disse o seguinte sobre alguns iguais aos atuais pregadores de Satanás (2 Co 10. 13-15): Porque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo. E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em ministros de justiça; e o fim deles será conforme as suas obras. O plágio da verdade começou com Satanás e continua com seus seguidores que atuam em muitos púlpitos!
Clamemos a Deus que nos faça enxergar a gravidade da realidade da igreja evangélica. Temos que realmente nos incomodar e no poder do Espírito Santo, pregando o verdadeiro e genuíno Evangelho da cruz, impactar esse mundo em trevas!
Que os crentes inconformados com o mundo, não se isolem no e do mundo, mas sejam luz e sal neste mundo! Concluo com uma acertada declaração e avaliação sobre a igreja evangélica feita pelo Reverendo Hernandes Dias Lopes: “A Igreja evangélica não precisa de reforma, precisa voltar para o Evangelho!”
Reverendo Márcio Willian Chaveiro







[1] MARX, K.; ENGELS. F. A Ideologia Alemã. São Paulo: HUCITEC,1999

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