quinta-feira, 5 de junho de 2014

Lei da Palmada ou Lei Menino Bernardo


            “A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela. ” (Pv 22.15)
Foi aprovado pelo Senado e espera sanção a Lei da Palmada, que prevê advertência aos pais, treinamento obrigatório sobre como educar seus filhos, e multa de 03 a 20 salários mínimos para médicos, agentes públicos, e professores que souberem que alguma criança foi “vitima” de palmadas e não denunciar (fonte: Wikipédia 06 de junho de 2014)! O assassinato do menino Bernardo foi usado para essa lei, aproveitando a comoção nacional com relação a forma brutal que essa criança foi morta pela madrasta, o que chocou e deixou todos nós profundamente compadecidos! No caso do menino Bernardo não existem leis que poderiam ser usadas para o proteger, caso alguém tivesse denunciado? O que uma “palmada” tem de ligação com um assassinato brutal como esse? Digo apenas para uma reflexão inicial do caso.
A Bíblia nos ensina a obedecer nossos governantes porque são autoridades constituídas por Deus (Rm 13. 1-7). Se o governo é corrupto ou não, não nos isenta de obedecer e respeitar as autoridades, porque o princípio de autoridade vem de Deus, e tudo que é instituído por Ele deve ser respeitado. A Escritura também ensina que devemos orar pelas autoridades para que desfrutemos de paz (1 Tm 2. 1-3). Esse é o papel social da igreja com relação ao estado.
            Todavia, a Bíblia também afirma que somos peregrinos e forasteiros nesta terra, não fazemos parte existencialmente deste mundo tenebroso, envolvido pelos efeitos da Queda, de perspectivas culturais e sociais injustas, imorais, dissolutas (1 Pe 2. 11-17; Ef 4. 17-24). Logo, devo obedecer as leis do estado, respeitar os governantes, mas desde que essas leis não estejam contrárias as leis do meu país. A lei régia para mim é aquela que procede do alto e sublime trono onde se assenta o Santíssimo SENHOR dos Exércitos (Is 6. 1-5)! É Ele quem governa a minha vida, Ele é o reto Juiz e Legislador, o Senhor dos senhores, o Rei dos reis! Tenho autorização do meu Rei para desobedecer as leis do estado, do país que vivo, quando estas leis são contrárias as Leis eternas, justas, santas, e retas, reveladas pelas Escrituras!
            A Bíblia nos ordena a criar nossos filhos na disciplina, que traz a ideia de nutrir, alimentar e treinar o coração deles para servir ao Senhor. Nos ordena a admoestar no Senhor, tendo Deus como instrumento para que nossos filhos amem o Senhor, e não sufocar os filhos, com abuso de autoridade, envolvendo violência emocional, psíquica e física (Ef 6. 4).
No livro de Provérbios encontramos orientações práticas sobre como criar um filho. É dito que a astucia está ligada ao coração da criança e a vara vai afastar essa astucia dela (Pv 22.15). O que é estultícia do coração? São os efeitos da Queda que estão presentes no coração da criança, na alma dos pequenos. Davi afirmou que em pecado foi concebido (Sl 51.5), todos os homens nascem completamente afetados em sua natureza humana pelos efeitos do pecado. Nossos filhos ao nascer não são anjinhos, sem pecados, sem culpa, inocentes, são “pecadorzinhos”, que agem de acordo com os efeitos da Queda em seus corações! Logico que proporcionalmente a idade deles, mas já em tenra idade manifestam desobediência, teimosia, rebeldia, maldade, através das birras, dos egoísmos em relação aos brinquedos que tem, batem no rosto da mãe e do pai quando são contrariados, brigam com outras crianças por causa de alguma coisa que disputaram e assim por diante. Mas para a Psicologia moderna a rebeldia, teimosia de uma criança é uma grande virtude, é sinal de inteligência, atitude e deve ser permitido que se expanda cada vez mais! Creio que exista nessas atitudes teimosas e pecadoras, inteligência manifestada, mas usada para o mal, para enganar, para encobrir erros dos pais. O que nos cabe, como pais,  é discernir e instruir, e as vezes, se for necessário sem violência, sem ira, com total controle emocional e físico, usar a vara para a correção. Não é sempre, mas as vezes é necessária uma disciplina mais punitiva, porque a criança aprenderá que erros, rebeldias, trazem consigo consequências que as vezes são dolorosas, e isso os treinará para a vida. A vida não poupará nossos filhos, não os tratará sem “palmadas”, todavia, se estiverem treinados em amor, serão progressivamente preparados para as durezas e desafios da vida!
Olhe os resultados já presentes na sociedade dessa nova forma de educar! A lei apenas é um reflexo de algo já praticado na sociedade pela maior parte das famílias, inclusive cristãs! Nas escolas, alunos de classe A, B, C e D, não respeitam os professores; filhos de ricos desrespeitam as leis, as autoridades constituídas, porque? Porque nunca aprenderam ter limites, arcar com consequências dos seus erros, respeitar pai e mãe. Se não aprendem isso em casa, nunca serão respeitadores fora de casa! É em casa que se aprende ter limites, respeito, educação, moral e ética!
Se alguns usam a experiência de nunca ter recebido nenhuma palmada para defender essa lei, uso a minha experiência de ter recebido palmadas, chineladas, cintadas, e varadas. Não sou traumatizado, violento, bandido, mau caráter por ter sido corrigido assim, mas o contrário, Deus usou meus educadores para moldar o meu caráter! Eu   sei de muitos outros que foram bem mais corrigidos do que eu por vara e outros instrumentos e não são bandidos, traumatizados, complexados, desprovidos de manifestação de amor ao próximo, mas o contrário, são pais de família, mães, educadoras, que agem diariamente com misericórdia e amor ao próximo.
Para concluir, essa reflexão não é dirigida a ímpios, porque eles não respeitam as leis da Palavra de Deus com suas instruções. Eles têm outras bases de avaliação, é a pós-modernidade, que ensina que temos que ser politicamente corretos em tudo, até mesmo quando isso pode levar nossos filhos a destruição moral e espiritual. Não é a minha experiência ou de qualquer outra pessoa que determina se essa lei deve ser obedecida ou não, correta ou errada, a única forma de determinar o que é certo e errado, com relação a essa lei, é a Escritura. Logo, serei um transgressor da lei do meu estado, porque amo mais o Senhor e o meu filho do que o meu país! Sou responsável pela vida dele, pela formação moral, espiritual e física, e portanto, eu vou educa-lo da forma que creio ser a melhor, e não o estado vai me dizer como devo fazer. Quem tem autoridade sobre minha vida é o Senhor, e conforme Ele me ordena ensinarei meu filho a ama-lo seja através do exemplo, da fala, da oração, do ensino bíblico, do carinho, do afeto, do aconchego, do colo, da brincadeira, como também através da exortação, dos limites, e da vara quando necessário!
Não sei você, mas eu e minha casa serviremos ao SENHOR (Js 24.15)!

Reverendo Márcio Willian

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